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Gore Vidal, um intelectual irreverente e multifacetado

Por Da Redação
1 ago 2012, 11h16

O escritor Gore Vidal era uma verdadeira instituição da literatura americana.

Não tão conhecido no exterior como Norman Mailer ou Truman Capote, destacou-se por seu gosto pela provocação, mas, principalmente, por uma cultura e uma capacidade de trabalho excepcional.

“No final de sua vida, Vidal se considerava o último representante de uma espécie e, sem dúvida, tinha razão”, enfatizou o jornal The New York Times em seu obituário.

Filho de um oficial da Força Aérea americana, neto de um senador e primo do ex-vice-presidente Al Gore, Eugene Luther Gore Vidal, que, aos 14 aos, optou por se chamar apenas Gore Vidal, nasceu em 13 de outubro de 1925 na academia militar de West Point.

Depois do divórcio de seus pais, sua mãe se casou com Hugh Auchincloss, que viria a desposar a mãe de Jackie Kennedy. Gore Vidal se converteria posteriormente em amigo íntimo do presidente John Kennedy e sua família.

Em 1948, sacudiu a crítica americana com seu terceiro romance, “A cidade e o pilar”, um sereno libelo homossexual, inspirado em um amor da juventude, Jimmy Trimble, morto no Pacífico enquanto prestava serviço como marine.

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Vidal, que viveu na Itália com Tennessee Williams e teve o escritor Jack Kerouac como amante, se indignava contra o conservadorismo moral e sexual da sociedade americana. A identidade sexual seria novamente tema de seu romance “Myra Breckinridge” (1968).

Descobriu Paris depois do fim da Segunda Guerra Mundial. “Depois da guerra, a França foi o centro da civilização”, declarou à AFP, em 1999. “Então vivi um período extraordinário, na companhia de artistas como Jean Cocteau e André Gide”.

Eclético, Vidal explicava que o pouco interesse do público francês por sua obra se devia ao fato de que, “na França, as pessoas precisam ser rotuladas”.

“Eu faço tudo que me diverte, mas em todos meus livros, a voz é a mesma”, afirmava o escritor que viveu 32 anos em Ravello, sul de Nápoles, voltando definitivamente a Los Angeles em 2005 por razões de saúde.

Escreveu 25 romances inspirados na história ou na vida política dos americanos (“Burr”, “Lincoln”, “1876”) ou sátiras (“Kalki”, “Duluth”), vários ensaios, obras de teatro e roteiros para filmes (“De repente, no último verão”, “Ben-Hur”). Sua autobiografia, “Palimpsesto” (1996), foi traduzida em várias línguas.

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Filmado por Federico Fellini em “Roma”, Gore Vidal também era conhecido por sua participação em intensos debates televisivos. Foi candidato sem êxito a cargos políticos sob a bandeira do Partido Democrata em 1960 e 1982.

Hostil a qualquer intervenção americana no exterior, criticou até mesmo a participação dos Estados Unidos na Segunda Guerra Mundial, posição que escandalizou seus compatriotas.

A idade não diminuiu sua combatividade: aos 81 anos, criticou ferozmente o então presidente republicano George W. Bush, acusando-o de ter chegado à presidência mediante uma fraude eleitoral e o reprovou por ter agitado a ameaça terrorista depois dos atentados de 11 de setembro para levar o país à guerra. Em sua opinião, Bush era, inclusive, “o homem mais idiota dos Estados Unidos”.

“Foi um golpe de Estado”, declarou assim à AFP em 2006.

“Manter as pessoas à sombra do medo é uma grande manipulação totalitária aprendida nas ditaduras europeias dos anos 1930”, acusou, na ocasião.

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