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Fogo na Cinemateca pode ter destruído memória de Glauber e Embrafilme

Incêndio atingiu parte do galpão da instituição, na Vila Leopoldina, no final da tarde desta quinta-feira

Por Tamara Nassif, Amanda Capuano, Felipe Branco Cruz Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 29 jul 2021, 21h18 - Publicado em 29 jul 2021, 20h37

O incêndio que atingiu um galpão que guardava parte do acervo da Cinemateca Brasileira, na Vila Leopoldina, zona oeste de São Paulo, no final da tarde desta quinta-feira, 29, era “uma tragédia anunciada e inadmissível”, disse a VEJA Roberto Gervitz, diretor de cinema e responsável pela coordenação de atos do movimento SOS Cinemateca. “O depósito guardava mais de 4 toneladas de história do audiovisual brasileiro, desde o Instituto Nacional de Cinema, criado na década de 60, até a Secretária Especial de Cultura, Embrafilme e Ancine. É muita história perdida.”

Embora o galpão queimado no incêndio não abrigue as obras mais raras da Cinemateca, a perda pode ser significativa. O espaço abrigava também um acervo de filmes em 35 mm., escritórios administrativos e peças de museu, como projetores e zootrópios. Segundo fontes ouvidas pela reportagem de VEJA, uma das salas atingidas tinha filmes de 1920, porém ainda não se sabe a extensão total dos danos. “Não sabemos ainda a extensão do estrago. Mas há coisas ali que são únicas, originais, sem cópia”, diz o gestor e pesquisador cultural Alfredo Manovy.

Desde o ano passado, especialistas já alertavam para o risco iminente de incêndio – tanto na sede principal, na Vila Clementino, quanto no galpão localizado na Vila Leopoldina. Em fevereiro de 2020, um alagamento danificou mais de 113 000 cópias de DVDs do acervo, devido à má conservação do local. “Estamos chocados, porque o governo havia dito que estava tomando todas as medidas de precaução. O estado do galpão era precário, não tinha vigilância constante ou uma brigada de incêndio a postos”, diz Gervitz. Na semana passada, o Ministério Público Federal, em audiência com representantes da União e do Audiovisual, voltou a alertar o governo federal do risco, que respondia por abandono da instituição. Mas, depois da audiência, mais 60 dias foram concedidos para que a Secretaria Especial da Cultura desse continuidade às ações de preservação do patrimônio.

Segundo o Corpo de Bombeiros, o incêndio começou depois de uma manutenção no sistema de refrigeração do local. Uma sala de arquivos e uma de filmes foram consumidas pelo fogo, além de arquivos de alunos do Audiovisual da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP). “Tinha cópias de filmes, a documentação toda da Embrafilme, a biblioteca do Tempo Glauber e documentos em papel de outras instituições históricas do cinema brasileiro”, disse Débora Butruce, presidente da Associação Brasileira de Preservação ao Audiovisual. “Vínhamos falando há tanto tempo disso. É uma tragédia anunciada, de fato.”

Embora a Cinemateca seja um aparelho cultural federal, o incêndio está sendo acompanhado de perto pelo Secretário da Cultura do Estado de São Paulo, Sérgio Sá Leitão. Em entrevista a VEJA, ele disse que um dos tesouros do local era o acervo documental de Glauber Rocha, doado pela família. Como roteiros originais, cartaz, diários e documentos pessoais. “Ainda não sabemos se esse material foi danificado”, diz. 

De acordo com Sá Leitão, o fogo não se espalhou para os galpões vizinhos. “Até que seja feita uma perícia, não dá para saber a causa do incêndio. O fato é que a Cinemateca vem sendo negligenciada desde 2019, quando o governo federal rompeu o contrato com Associação de Comunicação Educativa Roquete Pinto (Acerp), que administrava a insituição desde 2016”.

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