Filme sobre Margaret Thatcher deu 3º Oscar a Meryl Streep
Atuação da atriz americana no papel da ex-primeira ministra britânica em 'A Dama de Ferro', lançado em 2011, foi considerada assombrosa pela crítica
No ano passado, a atriz Meryl Streep, de 63 anos, levou o terceiro Oscar da carreira por sua atuação no filme A Dama de Ferro, dirigido por Phyllida Lloyd (Mamma Mia!), no qual ela interpreta a ex-primeira ministra do Reino Unido Margaret Thatcher, que morreu nesta segunda-feira, aos 87 anos. Foi o primeiro Oscar da atriz em 29 anos, e o terceiro em 17 indicações, graças a uma das atuações mais excepcionais de sua carreira.
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Na época, a decisão de o filme ser feito com uma americana gerou controvérsia, mas não poderia haver escolha melhor do que Meryl. Perfeitamente caracterizada (o longa, aliás, também levou o Oscar de maquiagem), com o mesmo tom de voz agudo e os mesmos gestos, a atriz deu vida a uma Thatcher quase tão autêntica quanto a real, o que lhe valeu muitos elogios da crítica e do biógrafo da ex-primeira ministra Charles Moore, que considerou a interpretação “assombrosamente brilhante” por capturar o isolamento e a ambição da ex-governante.
O filme — cujo título veio do apelido dado pelos soviéticos à ex-primeira ministra — foi construído a partir de flashbacks que mostram desde os anos mais vigorosos de Thatcher como a primeira mulher a se tornar chefe de governo de um país ocidental, até a velhice, quando ela padece de demência senil e se torna apenas uma sombra do que foi. O longa é, também, centrado na relação de Thatcher com seu marido, Denis Thatcher, com quem, mesmo após sua morte, em 2003, ela continua conversando em alucinações.
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É durante essas conversas com o marido morto que Thatcher relembra momentos de sua vida, entre eles, sua eleição na Câmara dos Comuns em 1959, as férias com os filhos gêmeos, sua decisão de liderar o Partido Conservador e sua eleição como primeira-ministra em 1979, cargo que ocupou por 11 anos até a sua demissão forçada, em 1990. Um dos pontos altos do longa é o discurso triunfal diante do Parlamento após a rendição das tropas argentinas na Guerra das Malvinas em 1982.
Mas o filme não recebeu somente críticas positivas. Na época de seu lançamento, muitos afirmaram que o longa era parcial e deixava de lado as controvérsias políticas em que a ex-primeira ministra esteve envolvida. Norman Tebbit, membro dos governos Thatcher entre 1979 e 1987, criticou a personagem “histérica” e “super sentimental”, dizendo que a imagem não reflete a da mulher que ele conheceu. O atual primeiro-ministro britânico, David Cameron, também não gostou da forma com que o longa foi feito, retratando-a idosa e doente. “É mais um filme sobre o envelhecimento do que sobre uma primeira-ministra estupenda”, afirmou. Meryl rejeitou as críticas. “Não é desrespeitoso. É doloroso, mas é verdadeiro”, disse a atriz.