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Filme ‘A Viagem’ é uma mistureba de temas

Com seis histórias e três horas de duração, o longa mistura espiritismo e ficção científica

Por Marcelo Marthe Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 12 jan 2013, 07h52

No século XIX, um advogado em viagem à Polinésia contrai o que um médico – apontando a marca que lembra um cometa em sua pele – diz ser uma verminose. Salta-se para a Inglaterra da década de 30, quando um jovem gay que exibe marca semelhante se torna assistente de um compositor. Após outro salto temporal, chega-se à história de uma jornalista dos anos 70 que investiga uma conspiração em torno de um reator nuclear. Mais um pulinho e se cai numa trama ambientada hoje: após dar um golpe, um editor é internado num asilo. Se você não se dispersou a essa altura de A Viagem (Cloud Atlas, Estados Unidos/Alemanha/Hong Kong/Singapura, 2012), sente que ainda vem história. Na Terra pós-apocalíptica de 2346, astronautas convivem com caçadores-coletores que cultuam uma deusa primitiva. A mesma deusa foi alguém de carne e osso – embora sintéticos: um clone concebido para trabalhar numa rede de fast-food de uma versão distópica de Seul, em 2114. A garçonete Sonmi-451 (a coreana Doona Bae) lidera uma revolta contra um regime totalitário. Seu discurso resume o viés espírita da empreitada conjunta do alemão Tom Tykwer, de Corra, Lola, Corra (1998), e dos irmãos-diretores de Matrix (1999), os americanos Andy e Lana Wachowski (essa última atendia por Larry antes de se submeter a um processo de mudança de sexo). “Nossas vidas não nos pertencem. Somos ligados uns aos outros no passado, presente e futuro”, prega Sonmi.

Os três cineastas embaralharam ainda mais o enredo por si só críptico do romance de 2004 do inglês David Mitchell. Até que é engenhosa a tática de realçar o mistério “cármico” das seis histórias por meio da repetição de atores. Tom Hanks faz desde o médico do século XIX até um aborígine futurista. Halle Berry desdobra-se como a mulher do compositor dos anos 30, a jornalista dos anos 70, uma astronauta e por aí afora. Mas A Viagem padece de infantilismo temático. A trinca de diretores não resiste ao impulso de posar de gente boazinha (e não há nada pior do que vestais assim). Desfiam-se platitudes pretensamente humanistas, como a sugestão de que a benevolência cósmica contrabalançaria a suposta crueldade da evolução. Como se pode conferir no gráfico a seguir, a única diversão nessa sessão de quase três horas de tortura é descobrir qual estrela paga mais mico debaixo de suas fantasias insólitas.

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Infográfico 'A Viagem'
Infográfico ‘A Viagem’ (VEJA)

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