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Festival do Rio: diretora palestina explora episódio real da ocupação israelense

“Não é uma história sobre a ocupação. Mas a ocupação está presente porque ela é a essência das nossas histórias”, afirma Najwa Najjar

Por Flávia Ribeiro, do Rio de Janeiro
27 set 2014, 21h20

Preso por soldados israelenses durante as revoltas civis de 2002, um palestino é libertado dez anos depois e volta à sua cidade natal, na Palestina. Lá, enquanto inicia uma busca pela filha, agora com 12 anos, e se depara com a realidade atual de seu país, luta para que alguns de seus segredos não sejam revelados. Essa é a trama de Olhos de ladrão (Eyes of a thief), filme selecionado pela Palestina para tentar uma vaga entre os concorrentes ao Oscar de melhor produção em língua estrangeira. Uma das convidadas do Festival do Rio, a diretora Najwa Najjar conta que o pai viveu por quatro anos no Rio de Janeiro. “Eu nasci muito tempo depois, mas me sinto com um pouco de Brasil no meu sangue”. Olhos de ladrão tem sessões nos dias 30/9, às 19h30, no Centro Cultural Justiça Federal 1; 2/10, às 16h15, no Cine Jóia; 5/10, às 15h30 no Estação Ipanema 1; e 8/10, às 14h, no Cinépolis Lagoon 1.

O filme é baseado em uma história verdadeira. Como você chegou a essa história e por que ela chamou a sua atenção a ponto de ser transformada em filme? Ele não é totalmente baseado. Digamos que seja inspirado numa história real que ficou bem conhecida na época. É uma história humana, sobre um pai em busca de uma filha depois de dez anos. Mas tentei não contar exatamente como foi, e sim usar a essência do que ocorreu. Em 2002, nós sabíamos quem era o inimigo. Em 2012, não temos mais tanta certeza. A situação está tão difícil que você vê pessoas perderem a esperança e fazerem coisas que nunca fariam antes. Como você vive com você mesmo? O que você conta para os seus filhos? São essas questões que me chamaram a atenção.

O quanto da realidade atual da Palestina está no seu filme? Não é uma história sobre a ocupação. Mas a ocupação está presente porque ela é a essência das nossas histórias, porque nossa humanidade é negada. Tudo o que acontece no filme é resultado da ocupação. O filme é crítico sobre a ocupação e sobre nós também. Então a realidade está lá, mas não é um documentário. A realidade palestina é sempre mostrada pelos olhos de outros. Agora, somos nós mostrando a nós mesmos. Não do jeito que o Ocidente nos vê. Do jeito que nós somos.

O quão difícil é filmar na Palestina? Tivemos 25 dias para gravar, 21 deles em Nablus (vila palestina na Cisjordânia). Toda noite, soldados israelenses entravam em nosso acampamento. Nada aconteceu, mas a tensão era permanente. Sob ocupação, você nunca sabe o que pode acontecer. Era uma grande responsabilidade com minha equipe, havia crianças lá.

Como tem sido a reação da audiência? Na Palestina, tem sido interessante. Muita gente foi esperando um documentário, ou a história exatamente como aconteceu. Foi um grupo crítico, que chegou com uma noção pré-concebida do que veria. Mas acho bom que as pessoas levantem pontos, critiquem. Discussão é sempre bom. Entre os intelectuais, a resposta foi ótima. E os pré-adolescentes e adolescentes amaram. Fizemos sessões nas escolas e eles diziam: “Somos nós ali! Somos nós”. Eles se reconheceram na tela. Quanto ao público, esgotamos todas as sessões na primeira semana. Na estreia, entraram 850 pessoas num cinema com capacidade para 700.

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Quais as suas expectativas daqui para frente?

Estou aqui para aproveitar a viagem, prefiro não criar muitas expectativas. Mas seria bom, por exemplo, conseguir uma boa distribuição no Brasil, onde há uma grande população de palestinos, libaneses e sírios. Em 1948, quando o Estado de Israel foi criado, meu pai teve que deixar Jerusalém e ele veio justamente para o Rio de Janeiro. Morou quatro anos aqui. Eu nasci muito tempo depois, mas me sinto com um pouco de Brasil no meu sangue.

Apesar de todas as dificuldades, você já tem um novo projeto em andamento? Tenho um novo projeto inspirado numa história real, sobre dois artistas palestinos que viveram no Chile nos anos 20 e 30. Estou muito empolgada com essa trama.

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