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‘Federal’ explora tensão nas relações de confiança entre policiais no combate ao tráfico internacional

Selton Mello, no papel do agente Dani, e Eduardo Dussek, como o vilão Béque, dominam a cena. Filme desvia com sucesso da fórmula de 'Tropa de Elite'

Por João Marcello Erthal
24 set 2010, 18h35

Dani não tem bordões, não constrói sua reputação sobre um caráter incorruptível, não é um ‘expert’ e até flerta com o mundo das drogas – ou seja, é imperfeitamente humano

A comparação com ‘Tropa de Elite’ é quase inevitável, mas vale a pena ver ‘Federal’ sem tentar relacionar os quatro policiais federais de Brasília com os ‘caveiras’ do Bope no Rio de Janeiro. O tema ‘combate ao tráfico’, e o efeito avassalador dessa árdua missão na vida dos policiais, é tudo o que une as duas produções, além, é claro, de algumas boas cenas de tiroteio e perseguição.

Federal se passa em Brasília e concentra-se mais nas complexas relações de confiança que se estabelecem entre agentes envolvidos em uma investigação de tráfico internacional, com a abjeta penetração do crime organizado nos andares mais altos do poder – este, pelo que já se sabe, um assunto presente na continuação da saga do Capitão Nascimento. Mas, nos mínimos detalhes, Federal foi feito para não se parecer em nada com o filme de sucesso avassalador de José Padilha.

Selton Mello é Dani, um policial federal novato que, com três ‘tiras’ parceiros – Vital (Carlos Alberto Riccelli), Lua (Cesário Augusto) e Rocha (Christovam Neto) -, tenta capturar ‘Béque’, o bandido magistralmente interpretado por Eduardo Dussek. A participação do astro americano Michael Madsen, o Mr. Blonde de Cães de Aluguel, um representante da agência americana antidrogas, ajuda a dar algum brilho à história – mas nem precisava.

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O filme ganha vida própria e faz o espectador esquecer de vez de Tropa a partir da primeira cena em que os quatro policiais se encontram. Mais precisamente quando Selton se insurge contra os métodos de investigação ‘das antigas’ – leia-se tortura – e dá início à transformação do herói pressionado pelo ‘sistema’ e por suas próprias fragilidades.

Ok, não é algo tão diferente assim do que se passa na vida do oficial interpretado por Wagner Moura à frente dos homens de preto. Mas Selton Mello deixa claro por que também é “osso duro de roer”. O ator segura a maior parte da história e desvia, em tudo, da fórmula de Tropa de Elite. Dani não tem bordões, não constrói sua reputação sobre um caráter incorruptível, não é um ‘expert’ e até flerta com o mundo das drogas – ou seja, é imperfeitamente humano.

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Michael Madsen, além do sotaque e da interpretação de criminoso hollywoodiano, não proporciona nada além do que conseguiria um ator brasileiro mediano. Mas, de qualquer forma, é bom ver ‘Mr. Blonde’ em em cena. A outra participação internacional no elenco é a belíssima colombiana Carolina Gómez, que já foi miss Colômbia. No papel de uma diplomata venezuelana afeita a noitadas embaladas a cocaína, Carolina é a alta sociedade consumidora e, como convém, uma das tentações do herói.

O destaque, pelo lado dos bandidos, é Dussek. Tão – ou mais – canastrão que Madsen, o personagem do cantor de Troque seu Cachorro por uma Criança Pobre dá vida a um bandido poderoso e perfeito em sua capacidade de criar a polarização que dá vida à trama. Beque, seu personagem, tem direito até a um breve colóquio com definições sobre “o Brasil”: “Se tem uma coisa que funciona no Brasil é o crime” – e Brasília: “A cidade do pó”.

Quem preferir estabelecer comparações com Tropa, vai encontrar motivo nos 92 minutos de Federal: o saco plástico também é ‘personagem’ de Dani e sua turma, a polícia federal também demonstra armas poderosas com direito a muita mira laser, também há policiais corruptos e, para desespero dos militares, as práticas mais comuns da PM também ficam mal na fita.

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