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Fala de Sonia Braga em Toronto tem ‘Fora Temer’ e ‘Fora Cunha’

'Temos o direito de protestar numa democracia', disse a atriz sobre gesto da equipe de ‘Aquarius em Cannes’

Por Mariane Morisawa, de Toronto
Atualizado em 13 set 2016, 12h03 - Publicado em 13 set 2016, 12h02

Sonia Braga é uma das convidadas da série In Conversation with… (“conversa com”, na tradução literal) no Festival de Toronto, assim como a francesa Isabelle Huppert e o americano Mark Wahlberg. Na noite desta segunda-feira, ela relembrou os principais momentos de sua carreira para uma plateia de cerca de cem pessoas no Glenn Gould Studio, na cidade canadense, contando causos da produção da novela Gabriela e dos filmes Dona Flor e Seus Dois Maridos, de Bruno Barreto, e O Beijo da Mulher Aranha, de Hector Babenco, entre outros. A atriz também falou sobre Aquarius, de Kleber Mendonça Filho, o único longa-metragem brasileiro em exibição no Festival de Toronto deste ano. 

Durante a conversa, a moderadora perguntou sobre o protesto que a equipe do filme fez durante o Festival de Cannes, em maio. Sonia disse: “A equipe decidiu fazer algo para contar à imprensa internacional o que estava acontecendo no Brasil. Era um anúncio”. Então, um dos espectadores da plateia em Toronto gritou: “Fora, Temer”. A atriz repetiu e completou: “Fora, Cunha”. Depois, ela prosseguiu: “Do jeito como foi, não tínhamos certeza de que a notícia sairia do Brasil. Era importante fazermos algo e fazermos juntos”.

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Outra pessoa da plateia disse que o gesto em Cannes havia sido corajoso por parte da equipe. Sonia disse: “Não considero corajoso. Acho só que é um ato democrático. Temos o direito de protestar numa democracia. Seria corajoso num outro sistema. Temos o direito de dizer ‘Fora, Temer’. O ato foi só para contar à imprensa internacional o que estava acontecendo”. Para ela, “Aquarius representa a resistência, não deixar as pessoas te atropelarem. E, enquanto vivermos numa democracia, temos direito”. 

Um dos espectadores indagou sobre a derrota de Aquarius na seleção do candidato brasileiro ao Oscar de longa-metragem em língua estrangeira do ano que vem – a comissão responsável escolheu Pequeno Segredo, de David Schürmannm que ainda não estreou nos cinemas. “Eles não rejeitaram, apenas escolheram outro filme”, afirmou a atriz. “Não foi uma surpresa. Tínhamos consciência de que podia acontecer. Havia muitos filmes, e uma comissão. Acho que Aquarius já está tendo uma carreira incrível. Tivemos o privilégio de ir a Cannes e receber críticas maravilhosas. Muita gente veio me abraçar, chorando. O filme tem essa luz, essa bênção.” 

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O diretor Kleber Mendonça Filho, que estava presente no evento, falou sobre o processo: “A gente colocou o filme na seleção. Não quis tirar porque queria testar o sistema até o final. Foi muito interessante como experiência política e cultural”. Indagado sobre as declarações de Schürmann de que Pequeno Segredo tem “cara de Oscar”, Mendonça Filho afirmou: “Não sei o que é um filme que tem cara de Oscar. Eu só acho que cada governo tem uma política de audiovisual estratégica e talvez essa seja uma política correta para o nosso atual governo”. O cineasta agora se prepara para a exibição no prestigioso New York Film Festival e para a estreia de Aquarius em mais de 50 países – na França, o lançamento é dia 27 de setembro, e nos Estados Unidos, em 21 de outubro. 

Apesar de não concorrer pelo Brasil na categoria filme em língua estrangeira, Aquarius pode disputar outros Oscar. “É possível, porque o filme vai ter um lançamento americano normal. Não é um longa brasileiro à procura de um distribuidor americano. O filme está muito bem posicionado”, disse Mendonça Filho. Sonia Braga é apontada em algumas listas como possível candidata ao troféu de melhor atriz. “O distribuidor americano quer, sim, fazer campanha para ela”, disse o diretor. 

Durante a maior parte do evento, porém, a atriz contou histórias saborosas de sua vida e carreira, por exemplo, sobre sua relação com os fãs: “A pessoa me para e eu começo a conversar, pergunto de onde é, se é casado… Logo ela acaba pedindo desculpas e vai embora”. Também contou de uma vez que estava nos Estados Unidos, tentando aprender inglês para um papel, quando ficou desesperada achando que não ia conseguir, que não estava passando bem, que a cabeça estava zonza. “Tinha sido um terremoto!”, disse, provocando gargalhadas. “E eu achando que era comigo!” 

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