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Em carne viva

Com atuação quase sublime de Willem Dafoe, 'No Portal da Eternidade' tenta mostrar como o pintor Vincent van Gogh vivia o mundo — sem mediação nem proteção

Por Isabela Boscov Atualizado em 1 fev 2019, 21h07 - Publicado em 1 fev 2019, 07h00
(Arte/VEJA)

Entre cético e penalizado, o padre (Mads Mikkelsen) discute com o paciente do manicômio: ele então seriamente crê que a pintura foi o dom que Deus lhe deu, quando são tão feios e desagradáveis os quadros que pinta? Vincent van Gogh (Willem Dafoe) tenta explicar que tudo, no que ele cria, é a beleza do mundo — materializada na tela sem interpretações nem distorções, e entregue a ele em estado puro e primordial. O padre desiste; não há o que fazer. Mas é Van Gogh, verdadeiramente, quem capitula. Em meses, estará morto — aos 37 anos, de aparente suicídio. Como nenhum outro, o pintor holandês (1853-1890) personifica a figura do artista incompreendido, que vendeu uma única tela em vida e hoje tem valor incalculável. E nenhum outro é também tão emblemático da convergência entre genialidade e loucura. Na atuação quase sublime pela qual Willem Dafoe concorre ao Oscar, porém, é de fato a beleza que enlouquece Van Gogh e o fere — ela e o fardo de eternizar o que é efêmero, e de expressar aquilo que os outros ainda não enxergam.

Dirigido pelo cineasta e artista plástico Julian Schnabel, No Portal da Eternidade (At Eternity’s Gate, França/Inglaterra/Irlanda/Estados Unidos/Suíça, 2018), que estreia no país nesta quinta-feira, poderia se beneficiar de uma câmera menos tremida. No seu propósito, porém, o filme é de firmeza inabalável: o de fazer o espectador viver, por duas horas que seja, o transe eletrizante, mas desorientador, que é experimentar o mundo assim, sem mediação nem proteção.

Publicado em VEJA de 6 de fevereiro de 2019, edição nº 2620

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