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Em Cannes, George Clooney critica Trump e a televisão

Ao lado de Julia Roberts, ator estrela filme ‘Jogo do Dinheiro’, dirigido por Jodie Foster, sobre programas de TV que dão dicas irresponsáveis sobre investimentos

Por Mariane Morisawa, de Cannes
12 Maio 2016, 15h31

No segundo dia da 69ª edição do Festival de Cannes, o ator George Clooney se destacou ao movimentar discussões políticas, além de críticas à programas de televisão de conteúdo irresponsável, que estariam, na visão do ator, dando vitrine a pessoas como o pré-candidato à presidência dos Estados Unidos Donald Trump. A cerne da conversa começou com o lançamento de seu novo filme, Jogo do Dinheiro, o qual produz e estrela. Com roupagem de thriller, dirigido por Jodie Foster, o longa-metragem foi exibido para jornalistas na manhã desta quinta-feira (12), fora de competição, no evento.

Jogo do Dinheiro retoma um tema abordado recentemente em A Grande Aposta, de Adam McKay: as armadilhas do mercado financeiro. Aqui, Clooney interpreta Lee Gates, apresentador de um programa de finanças. Durante meses, ele recomendou o investimento na Ibis Clear Capital. Da noite para o dia, a empresa comandada pelo CEO Walt Camby (Dominic West) perde 800 milhões de dólares. A informação oficial é de que se tratou de uma falha no sistema. Lee não leva o tombo de muitos investidores a sério, até que o jovem Kyle Budwell (Jack O’Connell, protagonista de Invencível), um motorista de caminhão que perdeu sua herança por conta da Ibis, invade o estúdio, tomando como reféns o apresentador e sua equipe, liderada pela produtora Patty Fenn (Julia Roberts). Enquanto isso, Camby está incomunicável, deixando a tarefa de se explicar para sua diretora de comunicação, Diane Lester (Caitriona Balfe, da série Outlander).

É um choque de realidade para o milionário apresentador e showman, que dança hip hop de terno, ao lado de dançarinas. Clooney, aliás, extrai o máximo dessa visão ridícula. Para salvar sua vida, Lee precisa iniciar um diálogo com Kyle, com a ajuda preciosa de Patty no ponto eletrônico. E então acaba descendo do pedestal e confrontando-se com a realidade dura dos 99% para quem 60.000 dólares é muito dinheiro.

O filme, que começa com um estouro, vai perdendo força à medida que o tempo passa e mais soluções inverossímeis são adotadas para tentar sustentar a trama. O carisma do elenco ajuda bastante, mesmo que Julia Roberts tenha um material menos complexo para trabalhar.

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Trump – Na coletiva de imprensa que se seguiu à exibição, Clooney, filho de um jornalista, criticou os programas de televisão que se aproximam cada vez mais do entretenimento. Ele creditou a isso a ascensão de Donald Trump. “Nós nos acostumamos a ter um idiota qualquer dizendo na televisão onde investir, fazendo pessoas perderem dinheiro na vida real”, disse. “O filme reflete a que ponto chegamos. Os noticiários deixaram de ser feitos para informar, sem pensar em ganhar dinheiro, para se tornar parte da programação de entretenimento e, assim, faturar.”

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Em outro momento, afirmou: “Trump é resultado de programas de notícias que não investigaram a fundo nem fizeram as perguntas corretas. É fácil porque os números sobem quando você pode apenas mostra um púlpito vazio dizendo: ‘Trump vai falar a qualquer momento’. Vinte e quatro horas de notícias não significa que há uma oferta de mais notícias, mas apenas que são exibidas as mesmas notícias mais vezes.” Apesar disso, ele acredita que Trump não vai se eleger presidente. “Não vai acontecer, porque o medo não é algo que comanda nosso país. Não temos medo de muçulmanos, imigrantes ou mulheres. Não vamos ter medo de nada”. Quando um jornalista do Irã afirmou que, ao olhar para Clooney, via o próximo presidente dos Estados Unidos, o ator brincou: “O que significa muito vindo do cara do Irã!”.

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