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Eddie Murphy: “Se a piada ofende, não é engraçada”

O humorista americano explica a VEJA por que, três décadas após a comédia original, retomou seu personagem icônico no filme 'Um Príncipe em Nova York 2'

Por Felipe Branco Cruz Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 5 mar 2021, 06h00

Que tal a experiência de interpretar o príncipe Akeem — agora rei — 33 anos depois? Foi fácil. Eu consigo me “ligar” e “desligar” com facilidade de um personagem. Estava ansioso porque o primeiro filme é muito popular e está na TV o tempo todo. Tenho um carinho muito grande pelo personagem.

Neste ano, o governo brasileiro alterou a classificação etária de Um Príncipe em Nova York de “livre” para “maiores de 14 anos”. A sociedade está mais conservadora? Mudaram depois de 33 anos (risos)? Aqui nos Estados Unidos, a recomendação é “R” (para maiores de 17 anos) e eu sempre reclamei dela. Se tirarmos uns poucos palavrões e uma cena em que uma mulher sai de uma banheira e diz “seu pênis real está limpo”, o filme é livre para todas as audiências. Estamos, sim, passando por um período em que as pessoas estão um pouco mais rigorosas e tensas, se ofendendo mais facilmente. Mas é uma fase. Quando algo é engraçado, é engraçado. Eu nunca vi algo que fosse absurdamente engraçado e, ao mesmo tempo, ofensivo. Se a piada ofende, não é engraçada.

Aos 59 anos, acredita que seu jeito de fazer humor mudou? Os tempos mudaram, e o público mudou. As pessoas mudam. Mas se algo é muito, muito hilário, então é atemporal. Não vai ficar datado. Os filmes do Charlie Chaplin são em preto e branco, não têm som, mas continuam divertidos.

Hoje em dia, o humor precisa ser politicamente correto? Não penso no humor dessa forma. Quando tenho uma ideia de piada, apenas quero ser o mais engraçado possível. Basta isso. Não penso no politicamente correto, se vou ofender ou pisar no calo de alguém. Por outro lado, eu não sou o mesmo humorista que era quando jovem. Talvez eu fosse mais controverso. Conforme envelheci, eu mudei. Hoje, não tenho mais ideias controversas, mas nem por isso perdi a graça.

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Se o personagem Akeem fosse jovem hoje e viajasse para Nova York, ele iria a um protesto do Black Lives Matter? Akeem se tornou rei de uma nação. Zamunda (o país africano fictício do filme) é uma bolha. Por isso, esses personagens jamais entrariam em situações como essas. Um Príncipe em Nova York é um conto de fadas moderno. O filme se tornou a primeira comédia com um elenco totalmente negro a fazer sucesso mundial justamente por não entrar em questões políticas. Quando nós, negros, fazemos filmes, nós colocamos na tela nossa história. Ou seja, injustiças sociais, escravidão — enfim, coisas realmente dramáticas. Mas esse filme não é político. É sobre fazer a coisa certa, sobre família, amor e tradição.

A franquia Karatê Kid ganhou uma série de TV também retomando os personagens trinta anos depois. O mundo foi dominado pela nostalgia dos anos 80? Não acho. A pessoas estão interessadas em filmes de grande apelo visual, como os de super-heróis. Não sinto essa nostalgia. Vivo o presente, sempre caminhando para a frente.

Publicado em VEJA de 10 de março de 2021, edição nº 2728

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