Diretor de ‘Shoah’, Claude Lanzmann, morre aos 92 anos
Cineasta e jornalista teve carreira marcada pelo documentário de nove horas de duração sobre o Holocausto
O cineasta e jornalista francês Claude Lanzmann, autor do documentário Shoah, morreu nesta quinta-feira em Paris aos 92 anos de idade, informou a imprensa francesa. “Lanzmann faleceu esta manhã em sua residência. Estava com a saúde muito, muito frágil há vários dias”, afirmou uma porta-voz do grupo editorial Gallimard.
Shoah foi um projeto no qual o diretor trabalhou entre 1974 e 1985 e possui nove horas de testemunhos sobre o Holocausto. Filho de emigrantes judeus do Leste da Europa, o cineasta foi membro da resistência na França ocupada pelos nazistas, atuando nas fileiras das Juventudes Comunistas. Após estudar Literatura e Filosofia, se dedicou primeiro à docência e ao jornalismo, e posteriormente ao cinema.
Lanzmann dedicou toda sua vida à criação artística. Em 1952 entrou como colaborador na revista Les Temps Modernes, da qual foi diretor, e realizou seus primeiros documentários a partir de 1970. Em 1995 publicou um livro com a transcrição completa dos testemunhos de Shoah e em 2009, sob o nome de Le Lièvre de Patagonie, lançou sua autobiografia, repassando uma vida na qual foi companheiro da escritora Simone de Beauvoir.
No ano passado ficou profundamente abalado pela morte de seu filho Félix, de 23 anos, vítima de um câncer. “A morte não é evidente. Eu não não defendo em nada a morte. Continuo acreditando na vida. Amo a vida com loucura, apesar de na maioria das vezes não ser divertida”, afirmou Lanzmann recentemente à agência AFP.
O diretor se declarava um resistente e combatente a favor da verdade. “Quando vejo o que fiz ao longo da minha vida, acredito que encarnei a verdade. Nunca brinquei com isto”, afirmou.
(Com agências France-Press e EFE)