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Desfecho melancólico

Encerramento de um ciclo de 7 filmes, 'Fênix Negra' desvirtua história dos X-Men no cinema e troca seu âmago dramático pela banalidade de uma aventura tola

Por Isabela Boscov Atualizado em 17 jul 2019, 17h19 - Publicado em 7 jun 2019, 07h00

Se estamos em 1992, como Magneto e o Professor Xavier, que na sua juventude dourada da década de 60 foram interpretados por Michael Fassbender e James McAvoy, podem ser agora interpretados por… Michael Fassbender e James McAvoy? E que balada doida é essa em que eles vão embarcar daqui até o ano 2000 para envelhecer tão rápido e, em apenas oito anos, virarem respectivamente os setentões Ian McKellen e Patrick Stewart? Essa é apenas uma das loucas inconsistências de X-Men — Fênix Negra (Dark Phoenix, Estados Unidos, 2019), já em cartaz no país — entre várias outras impostas sobre a longa história do grupo de mutantes no cinema. Para o espectador sem afiliação a quadrinhos e super-heróis, pode parecer irrelevante; para o público que frequenta de forma mais assídua esses universos, deturpações assim flagrantes da linha do tempo são uma violência. Mais: uma violência gratuita, por não ser praticada em prol de boa causa — ou, no caso, de um bom filme. Centrado na vidente Jean Grey, cujo poder de entrar nas mentes alheias (e também de ser invadida por elas) é maior até que o de Xavier, Fênix Negra foi concebido como o encerramento do ciclo revolucionário, na profundidade dos temas e no teor dramático, que o diretor Bryan Singer iniciou em 2000. O resultado, porém, fica mais próximo de um sepultamento.

Vivida por Sophie Turner — a Sansa Stark de Game of Thrones —, a mutante Jean Grey foi adotada aos 8 anos por Xavier, na esteira de um evento trágico de cujas lembranças o professor tenta protegê-la. Mas, numa expedição ao espaço, Jean é exposta a uma força misteriosa que potencializa suas habilidades e as torna incontroláveis; ela se torna, enfim, uma nova espécie de criatura, singular o suficiente para atrair a atenção de uma alienígena interpretada de forma propositalmente (e excessivamente) robótica por Jessica Chastain. Segue-se o de praxe: um grande enfrentamento no qual o planeta é colocado em risco, e do qual se extrai uma lição de moral (a verdade dói, mas liberta). Para uma série que quase sempre foi capaz de se elevar acima dos clichês até atingir o âmago mais humano de seus personagens, é um saldo melancólico.

Publicado em VEJA de 12 de junho de 2019, edição nº 2638

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