Datas: Frank Williams, Stephen Sondheim e Ruy Ohtake
A lenda do automobilismo, o dramaturgo da Broadway e o arquiteto
Tetraplégico desde 1986, quando sofreu um acidente de trânsito, o empresário britânico Frank Williams fez fama na Fórmula 1 em cima de uma cadeira de rodas. Era a imagem comumente associada ao ex-mecânico que criou, em 1977, uma das mais vitoriosas escuderias da história. Entre 1980 e 1997 a Williams conquistou nove títulos de construtores e sete de pilotos. Foram 313 pódios, sendo 114 em primeiro lugar. No rol de conquistas brilharam brasileiros. A começar por José Carlos Pace, no início dos anos 1970, quando Williams ainda alugava bólidos de outros construtores. Depois viriam Nelson Piquet, campeão pelas cores azul e branca em 1987, e Ayrton Senna.
O mundo chorou, naquele primeiro dia de maio de 1994, com as lágrimas do executivo depois da batida de Senna na curva Tamburello, em Ímola. Ele trocara a McLaren pela Williams em busca do tetracampeonato que não viria. Williams morreu em 28 de novembro, aos 79 anos, em Londres, de causas não reveladas pela família.
A Broadway adulta
Steven Spielberg não faria o remake de Amor, Sublime Amor (West Side Story), de 1957 (leia nas Páginas Amarelas), sem a inteligência das letras de Stephen Sondheim. De mãos dadas com o compositor Leonard Berstein, o dramaturgo americano inauguraria na Broadway, com a versão original do musical, uma nova escola de espetáculos, ao abordar temas mais densos e menos românticos. “Se não fosse por West Side Story não teria havido tantos musicais sérios, para adultos, como Chicago”, disse o crítico Robert Viagas. Em 1991 Sondheim ganharia o Oscar de melhor canção original com Sooner or Later, cantada por Madonna em Dick Tracy. Morreu aos 91 anos, em 26 de novembro, em Roxbury, nos Estados Unidos.
Beleza no caos urbano
As construções do arquiteto Ruy Ohtake são inconfundíveis — e rapidamente se transformaram em símbolo de São Paulo, um sopro de bom gosto em meio ao caos urbano. É dele o projeto do Hotel Unique, próximo ao Parque Ibirapuera, na Zona Sul, em formato de arco invertido, conhecido popularmente como barco ou melancia, com suas janelas em formato circular. Chamam atenção também as cores — vermelha e preta — associadas às curvas de concreto da sede do Instituto Tomie Ohtake, no bairro de Pinheiros, erguido em homenagem à mãe de Ruy, uma das mais celebradas artistas plásticas brasileiras. “Acho muito mais bonito olhar a paisagem da janela através de uma curva”, ele gostava de dizer. Morreu em 27 de novembro, em São Paulo, aos 83 anos, em decorrência de uma mielodisplasia, câncer na medula óssea.
Publicado em VEJA de 8 de dezembro de 2021, edição nº 2767