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Conheça a Casa Daros, o novo espaço dedicado à arte latino-americana no Rio

Instalado em um casarão histórico do século XIX, centro cultural estreia com exposição de 75 obras de artistas colombianos

Por Rafael Lemos, do Rio de Janeiro
8 abr 2013, 07h36

Menos de um mês depois da inauguração do Museu de Arte do Rio, o MAR, a cidade ganha um novo espaço de arte – o primeiro dedicado exclusivamente à América Latina. Instalada em um histórico casarão do século XIX, distribuído em terreno de 12 mil metros quadrados, no bairro de Botafogo, Zona Sul, a Casa Daros abriu suas portas no fim de março. Na estreia, a exposição Cantos Cuentos Colombianos, que reúne 75 obras representativas de dez artistas da Colômbia.

Inicialmente prevista para 2008, a Casa Daros teve a inauguração adiada em virtude de uma complexa e minuciosa obra de restauração do imóvel, que estava em péssimas condições quando foi comprado por 16 milhões de reais, em 2006. De lá para cá, foram investidos mais 67 milhões de reais em melhorias. Construído em 1866, o edifício neoclássico foi projetado pelo arquiteto Francisco Joaquim Bethencourt da Silva (1831-1912), discípulo de Grandjean de Montigny, que deixou sua marca também nos prédios do Centro Cultural Banco do Brasil e do Real Gabinete Português de Leitura.

O espaço receberá anualmente pelo menos duas exposições montadas a partir do acervo da instituição Daros Latinamerica, sediada em Zurique, na Suíça. A coleção, de cerca de 1.200 obras de 117 artistas, começou a ser organizada em 2000 pelo curador Hans-Michael Herzog e a colecionadora suíça Ruth Schmidheiny, que financia todo o projeto.

“Na Europa, não havia interesse pela arte latino-americana. Literatura e música, sim, mas arte contemporânea, não. Com o tempo, o público europeu começou a entender e a ver a qualidade dessa produção”, conta Herzog, que organizou uma série de exposições em Zurique, apresentando aos europeus algumas das peças que garimpava na região. “Muitos veem a América Latina como um bloco monolítico e não um espaço diverso, cheio de especificidades”, atesta o cubano Eugenio Valdés Figueroa, diretor de arte e educação da Casa Daros. “Não queremos a América Latina como um gueto. Queremos discutir a arte latino-americana num contexto internacional”, completa.

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Morte e narcotráfico – Os temas guerra e paz, morte e vida são recorrentes na maioria das obras selecionadas, embora o curador assegure que se trata de uma coincidência. Logo na entrada, o espectador é impactado pela visão de um caixão formado com peças de Lego, nas cores da bandeira da Colômbia, e uma linha branca no topo, simbolizando a cocaína. A obra, do artista Fernando Arias, é uma referência à infância na Colômbia (incluindo a dele mesmo) num contexto de mortes em meio à guerra contra o narcotráfico.

Casa Daros: obra de Oscar Muñoz
Casa Daros: obra de Oscar Muñoz (VEJA)

“Seleciono uma obra pela sua qualidade intrínseca. Ela deve ser boa por si mesma, ter diversas camadas de leitura. Não gosto da arte pela arte”, destaca Herzog. O resultado é uma exposição com forte tom político. A série fotográfica David n° 2, de Miguel Ángel Rojas, mostra um soldado mutilado após pisar em uma mina, numa versão chocante de David, de Michelangelo. Em instalação de outro artista, Oscar Muñoz, o visitante sopra espelhos e vê surgirem os rostos de pessoas desaparecidas em conflitos na Colômbia.

Outras atividades – Além da mostra principal, a Casa Daros oferece outras atrações aos visitantes, como a exposição paralela Para Saber Escutar, com curadoria de Eugenio Valdés Figueroa. É o resultado de atividades e programas desenvolvidos desde 2007 pela instituição. Uma das peças mais marcantes é a Nossa Senhora das Graças (2008), de Vik Muniz, fotografia de uma instalação feita com entulhos da reforma do casarão. Uma biblioteca com 5.000 títulos funcionará – inicialmente, apenas com hora marcada – de quarta a sábado, das 13h às 18h. Também estão previstas oficinas, programação audiovisual, conversas com artistas e até cursos.

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No andar térreo, o café-restaurante Mira! (dos mesmos donos do Miam Miam e do Oui Oui), que custou 2 milhões de reais para ser construído, oferece um espaço diferenciado. E para aqueles que desejam levar uma lembrança do local, a loja da Casa Daros reunirá livros e produtos vindos de ateliês e empresas do Rio, São Paulo e Belo Horizonte, entre outras cidades brasileiras.

Arte para grandes eventos – A inauguração da Casa Daros coincide com um movimento que se intensificará nos próximos meses no Rio, com a abertura do Museu do Amanhã, do Museu da Moda e da nova sede do Museu da Imagem e do Som. É a arte em ebulição na cidade que vai receber milhões de turistas a partir deste ano, com a Jornada Mundial da Juventude, a Copa das Confederações, a Copa do Mundo 2014 e a Olimpíada de 2016.

Serviço

A exposição Cantos Cuentos Colombianos vai até 8 de setembro, de quarta-feira a domingo. A entrada será gratuita até o dia 14 de abril. Após essa data, o ingresso custará 12 reais, e 6 reais a meia-entrada. São 75 obras representativas de dez artistas da Colômbia: Doris Salcedo, Fernando Arias, José Alejandro Restrepo, Juan Manuel Echavarría, María Fernanda Cardoso, Miguel Ángel Rojas, Nadín Ospina, Oscar Muñoz, Oswaldo Macià, e Rosemberg Sandoval.

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Casa Daros fica na Rua General Severiano, 159, em Botafogo, Zona Sul do Rio. Contato: (21) 2138-0850 ou rio@casadaros.net

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