Antes tomado por mais de 20 milhões de peças históricas, o Museu Nacional agora é cenário de escombros, vigas retorcidas pelas chamas e paredes derrubadas. O visual não anima, mas os funcionários do museu destacam que “já não predomina o clima de tristeza, e sim de alegria”, já que será possível recuperar mais peças do que se imaginava. Mais de cinco meses depois do incêndio de grandes proporções que devorou a instituição no Rio de Janeiro, o museu teve suas portas abertas pela primeira vez para a imprensa nesta terça-feira, 12.
Com 200 anos de história, o museu mais antigo do Brasil foi tomado pelas chamas no dia 2 de setembro do ano passado. Parte do acervo, que contava com registros da história do Brasil e da América Latina, foi destruída. Nos dias que se seguiram ao incêndio, as expectativas entre os pesquisadores do museu de recuperar o acervo eram baixas, algo que mudou nos últimos meses, com o início do trabalho de restauração. “Todos os dias as pessoas encontram algo novo e boa parte das coleções serão resgatadas”, afirmou a paleontóloga Luciana Carvalho à Agência EFE.
Mesmo assim, a paleontóloga ressaltou que se trata de um processo muito lento, já que o material está muito danificado e sensível. Há peças que ainda não puderam ser retiradas do museu para a restauração devido ao seu estado atual, por isso precisam ser tratadas onde estão.
Após o incêndio, o processo de recuperação foi gradual devido à complexidade. Foi necessário estabilizar o edifício, retirar os escombros e evitar que a chuva provocasse novos estragos. Cerca de 80 pessoas participam das operações de restauração, entre elas os funcionários do museu, que colaboram nos trabalhos de recuperação de maneira direta ou indireta.
O paleontólogo Sérgio Alex de Azevedo, que trabalhava em um dos laboratórios do museu antes do incêndio, explicou que após a tragédia os funcionários trocaram de função e passaram a fazer parte da equipe de restauração. Segundo ele, as pessoas estão aprendendo as caraterísticas deste tipo de incidente. “Quando as pessoas não sabem nada sobre incêndios, pensam que tudo queima junto e que o processo de recuperação é igual para todas as peças, mas não. Cada uma tem caraterísticas únicas, é um trabalho difícil”, afirmou.
(Com agência EFE)