Chemical Brothers e Hot Chip ‘salvam’ line-up enxuto do Sónar
Atrações britânicas foram os destaques da terceira edição do festival de música eletrônica no Brasil
O Sónar, festival de música eletrônica criado em Barcelona, na Espanha, há 21 anos, nunca teve a pretensão de ser popular. O evento surgiu e segue firme na proposta de ser uma vitrine que mescla DJs e bandas consagradas pelo público da cena com outras atrações menos conhecidas, porém promissoras. Em sua terceira edição no Brasil, o festival, que também conta com palestras, workshops e debates, apostou nessa fórmula, mas teve um line-up muito enxuto em seu encerramento, que aconteceu neste sábado, no Espaço das Américas, em São Paulo. O público, que não chegou a lotar o espaço, foi “salvo” pelos headliners da noite: os britânicos do The Chemical Brothers e do Hot Chip.
Atração mais aguardada da noite, o The Chemical Brothers, formado pelos amigos Ed Simons e Tom Rowland, começou o show pontualmente às 0h30. Rowland e seu parceiro Adam Smith — que substituiu Simons por “razões acadêmicas” — apresentaram o groove psicodélico do novo álbum, Born in Echoes (2015), oitavo da carreira, gravado após um hiato de cinco anos. A apresentação também contou com clássicos, como Hey Boy, Hey Girl, primeira música do show, e Block Rockin’Beats, última a ser discotecada. A dupla ainda mixou músicas novas com antigas, a exemplo do que fizeram com Go, do novo CD, e Do it Again, do álbum We are the Night (2007). Não ficaram de fora os sucessos Galvanize, Swoon e EML Ritual. Além da música, a performance foi potencializada por lasers e projeções e contou, inclusive, com a participação especial de dois robôs gigantes – um vermelho, com uma projeção na barriga, e outro azul, com três luzes que apontavam para o público. Esta foi quarta passagem do duo pelo país.
Já o quinteto londrino Hot Chip dispensou o uso de lasers e projeções, mas compensou no carisma. “Obrigado, é bom voltar aqui em São Paulo”, disse o vocalista Alexis Taylor, após começar o show com Huarache Lights, música do álbum mais recente, Why Make Sense, lançado em maio. Em seguida, apresentou One Life Stand, do quarto CD, e Night and Day, do quinto. Hits como Over and Over, Ready for the Floor e Dancing in the Dark não deixaram o público parar de dançar. Em todas as canções, a receita característica da banda: a união do indie rock com o pop de sintetizadores. A fórmula de sucesso já garantiu a participação em diversos festivais no país, como Lollapalooza, TIM Festival e Planeta Terra. No Sónar, aqui no Brasil, foi a primeira apresentação do grupo.
As duas grandes apostas do festival foram acertadas. Mas faltaram atrações de peso — o que se refletiu em um público também menor. Além dos headliners, se apresentaram Valesuchi, Bodinski, Zopelar e Pional.
Esperava-se mais do festival que, em 2004, trouxe LCD Soundsystem, e, em 2012, Kraftwerk, James Blake, Cee Lo Green e Justice. Outro ponto a ser revisto é a falta de periodicidade. Em 2013, uma edição chegou a ser anunciada para, em seguida, ser cancelada, devido a dificuldades do mercado. Dito isso, o Sónar tem tudo para se consolidar no país como um grande festival de nicho, que pode e deve aliar artistas da música eletrônica de diferentes épocas e vertentes, do mainstream ao alternativo.