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Catherine Deneuve: “Eu me sinto muito mais livre hoje”

A grande dama do cinema francês fala ao site de VEJA sobre sua relação com o cinema e com a filha Chiara, sobre infância e velhice, e sobre seus projetos

Por Carlos Helí de Almeida
8 jun 2011, 15h52

“A exploração do corpo das garotas, a exposição exagerada em fotos são coisas que me incomodam atualmente na indústria cinematográfica”

Grande dama do cinema francês, musa de diretores como Luís Buñuel (A Bela da Tarde) e François Truffaut (O Último Metrô), Catherine Deneuve está no Brasil como principal convidada do Festival Varilux de Cinema Francês, que se espalha por 22 cidades do país. Entres os dez títulos da programação está a comédia Potiche: Esposa troféu, de François Ozon, que será exibido nesta quinta-feira, na abertura do trecho carioca do evento, no qual a atriz interpreta uma dondoca que se transforma numa grande executiva. Aos 67 anos de idade, Catherine ainda guarda os traços do símbolo sexual que fo i nos anos 60 e 70, e o ar misterioso que a transformou em mito. Poucas semanas antes de desembarcar no Brasil, a diva conversou com a reportagem de Veja online durante o Festival de Cannes, onde seu mais novo trabalho, Les Bien-aimés, no qual contracena com a filha, Chiara Mastroianni (de seu casamento com o ator italiano Macello Mastroianni), encerrou o evento.

A paixão pelo cinema continua a mesma ou houve algum momento em que se sentiu insatisfeita com o trabalho?

Talvez a minha paixão pelo cinema não tenha sido muito forte quando eu era mais jovem, porque eu tinha uma minha vida fora do trabalho, filhos para criar, e que tomavam muito espaço. Quando se é mãe e mulher, é preciso dividir seu tempo, não se vive exatamente do jeito que gostaria. Mas agora que meus filhos estão crescidos, são independentes, tenho mais tempo para mim mesma, ficou mais evidente para mim que o cinema é algo que me atrai, posso fazer qualquer coisa. Mas a verdade é que eu me sinto muito mais livre hoje.

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Há algum aspecto da indústria de cinema atual que a desagrade?

Sim. Essa coisa de explorar o corpo das garotas, a exposição exagerada em fotos. Acho um exagero. É uma das coisas que me incomodam mais, hoje em dia.

A senhora é filha de atores de teatro. Seus pais a levavam ao cinema?

Na realidade, não. Eu ia com a minha irmã, com os amigos. Quando fui ao cinema pela primeira vez já não era tão nova. Também não havia muitas salas de cinema em Paris naquela época. Comecei ver filmes quando já estava na universidade, aos 14, 15 anos.

Como era o lazer em família na sua infância?

Lembro que costumávamos cantar muito com meus pais. Como éramos quatro filhas, acho que eles se sentiam na obrigação de nos entreter de alguma forma o tempo todo. Também nos levavam para longas viagens. É algo que ficou comigo. Quando virei mãe e viajava com meus filhos, ainda pequenos, também cantávamos muito.

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Quando vê sua filha Chiara na tela prevalece o olhar de mãe ou de espectadora?

Não diria que a julgo do ponto de vista do crítico, mas eu a vejo como atriz. Claro, tenho certeza de que o trabalho dela me toca de maneira diferente, porque eu a conheço muito bem, a voz, o rosto, e isso me afeta de forma diferente do que a outra pessoa. Mas não a vejo como uma filha, mas como uma amiga muito querida, alguém que conheço bem.

Assiste ao seus filmes antigos?

Não. Porque não tenho muito tempo para vê-los. Há tantos filmes novos que gostaria de ver… Semanas atrás, no Festival de Cannes, revi O Selvagem, que fiz com Yves Montand no início dos anos 70, mas porque fazia parte de uma homenagem ao lançamento de uma cópia nova do filme. Não via este filme há muito tempo, e fiquei satisfeita com a restauração que fizeram, particularmente com relação à trilha sonora. Mas era uma ocasião excepcional.

Poucas atrizes de sua geração conseguem trabalhar com regularidade. A idade ainda é um peso para uma atriz?

A situação das atrizes de uma certa idade é um pouco mais fácil na Europa do que nos Estados Unidos. Mas ainda é difícil, porque a maior parte do público que vai ao cinema nos dias de hoje é de jovens, e eles querem ver personagens de sua faixa etária nas telas. Também tem a ver com as escolhas que você fazer, e um pouco de sorte. Se você tiver o azar de fazer muitos filmes que desagradaram o público, o ritmo de trabalho acaba desacelerando, com certeza. Não é o meu caso.

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A senhora trabalhou com diretores de diferentes nacionalidades. Sente-se mais uma atriz francesa ou europeia?

Acho que ambas. Eu me sinto muito francesa, mas falo italiano e inglês fluentemente, trabalho com essas línguas também, então eu me sinto muito europeia também. Mas não me sinto próxima dos ingleses, por exemplo. A Inglaterra é um país próximo, mas eles são muito diferentes de nós ou dos europeus, em geral. Têm uma personalidade diferente. Eu me vejo mais próxima dos espanhóis e dos italianos, por exemplo, do que dos ingleses, por causa de nossas raízes latinas. Temos uma natureza e uma educação distinta dos anglo-saxões.

Qual o seu próximo projeto?

Vou participar do o novo filme da franquia Astérix, a partir de julho. Vou interpretar a rainha da Inglaterra. A minha personagem vai ser inspirada na rainha Elizabeth II, mas na aparência e nos modos que ela tinha nos anos 70. Promete ser muito divertido.

Sua última visita ao Brasil faz muito tempo…

Sim, muito. Acho que nunca fiquei em seu país o tempo suficiente. Gostaria de conhecê-lo melhor. Mas não será desta vez. Vou ficar apenas dois dias em São Paulo e dois no Rio, para promover o festival de filmes franceses.

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