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Cassiano, um grande compositor que não conseguiu sair das sombras

O cantor, que morreu nesta sexta-feira, 7, compôs clássicos como ‘A Lua e Eu’ e ‘Primavera’ e ajudou a fundar a soul music brasileira

Por Felipe Branco Cruz Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 8 Maio 2021, 14h57 - Publicado em 8 Maio 2021, 10h34
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  • “Mais um ano se passou / E nem sequer ouvi falar seu nome”. A letra de A Lua e Eu, um dos maiores sucessos do cantor e compositor Cassiano, poderia muito bem servir como um triste epitáfio para seus últimos anos de vida. Morto na tarde desta sexta-feira, 7, aos 77 anos, em um hospital público no bairro de Marechal Hermes, no subúrbio do Rio de Janeiro, o artista estava esquecido do grande público. Cassiano, no entanto, foi um dos grandes responsáveis por introduzir a soul music no Brasil, fazendo um improvável amálgama de baião com bossa nova no ritmo das músicas da Motown.

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    Não é exagero afirmar que se Cassiano não existisse, talvez Tim Maia jamais tivesse surgido também. Quando Tim gravou seu primeiro álbum, em 1970, Cassiano estava lá com sua guitarra e duas músicas que se transformaram em hinos da soul music: Primavera (Vai Chuva) e Eu Amo Você. Fosse só por essas composições, Cassiano já mereceria estar entres os grandes da música brasileira. Mas ele foi além.

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    Nascido em Campina Grande, na Paraíba, Cassiano mudou-se para o Rio de Janeiro aos seis anos, nos anos 1940. Apaixonou-se pela Bossa Nova, como qualquer carioca daquela época. A batida do violão de João Gilberto o levou a formar o Bossa Trio, com seu irmão Camarão e com Amaro. Tempos depois, o trio se transformou em quarteto sob o nome de Os Diagonais, com a entrada de Hyldon, compositor de Na Rua, na Chuva ou na Fazenda.

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    A guinada na carreira veio quando Tim Maia retornou dos Estados Unidos cheio de discos de soul music na bagagem. Com suas letras românticas e forte influência da música brasileira, Cassiano “só” teve o trabalho de juntar uma coisa com a outra, surgindo daí a soul music brasileira como conhecemos hoje.

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    Há artistas que são prolíficos compositores e, mesmo assim, não foram capazes de lançar sequer uma canção duradoura. Cassiano, não. Em toda a sua carreira, lançou apenas quatro discos solo (sem contar os álbuns com Os Diagonais), sendo o último de 1991, há 30 anos. Mas foram apenas os três primeiros que o marcariam para sempre: Imagem e Som (1971), que apresentava ao mundo suas sofisticadas composições, inclusive com a gravação de Primavera (Vai Chuva). Dois anos depois veio Apresentamos Nosso Cassiano (1973), com Chuva de Cristal e Cedo ou Tarde. E, finalmente, sua obra-prima Cuban Soul (1976) com os clássicos Coleção e A Lua e Eu.

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    Sua influência pode ser medida pela variedade de artistas, de diferentes ritmos que gravaram suas músicas. Ivete Sangalo, do axé music, gravou Coleção. O grupo de pagode Pixote transformou A Lua e Eu em um hit radiofônico dos anos 1990. Mas foi com o rap dos Racionais MCs, que o nome de Cassiano foi imortalizado nas quebradas de todo o país, com Mano Brown entoando versos como: “Ouvindo Cassiano, ah, os Gambé não guenta”.

    Tal qual a letra de A Lua e Eu, mais um ano pode ter se passado sem que ninguém tenha ouvido seu nome, mas as músicas de Cassiano, ah, elas sim, todo mundo vai ouvir tocar.

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