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Bandas de rock de donos da Prevent Senior caem no limbo após denúncias

Onipresentes graças ao patrocínio da empresa a shows e festivais, conjuntos musicais de empresários da saúde já têm ao menos uma apresentação cancelada

Por Felipe Branco Cruz Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 1 out 2021, 12h43 - Publicado em 30 set 2021, 13h46

Envolvidos em uma serie de denúncias na CPI da Covid-19, os donos da operadora de saúde Prevent Senior, Eduardo e Fernando Parrillo (presidente da empresa) já sentem os efeitos negativos em um de seus de passatempos mais caros: a pretensão de ser artistas de rock’n’roll com as bandas Doctor Pheabes e Armored Dawn. Escalada para se apresentar no fim deste ano ao lado de Slipknot e Sepultura no KnotFest Brasil, o primeiro grande festival de música confirmado pós-pandemia, a Armored Down foi retirada nesta quarta-feira, 29, do lineup sem maiores explicações dos organizadores. Os perfis das duas bandas também foram apagados em todas as redes sociais.

Com mais de 500 000 beneficiários, em sua maioria idosos, e dona de hospitais em São Paulo, a Prevent Senior está enrolada na CPI com suspeitas como fraude em pesquisa, omissão de óbitos causados por Covid-19, negação de vagas na UTI a título de economia, pressão para profissionais receitarem cloroquina e envolvimento com o “gabinete paralelo” da saúde do governo federal.

A Doctor Pheabes, dona de um som mais puxado para o heavy metal, é formada pelos irmãos Eduardo (vocal) e Fernando Parrillo (guitarra) e pelos também irmãos dentistas Paulo Rogério (baterista) e Fábio Resso (baixo). Já a Armored Down, que diz fazer um “rock viking”, seja lá o que isso for, é um septeto formado por Eduardo Parrillo (vocal), Fernando Quesada (baixo), Thiago de Moura (guitarra), Timo Kaarkosi (guitarra), Heros Trench (guitarra), Rafael Agostino (teclado e guitarra) e Rodrigo Oliveira (bateria).

Entre 2014 e 2018, praticamente todo grande festival de rock contou com o patrocínio da Prevent Senior, que exibia sua marca para milhares de pessoas e também prestava o serviço de atendimento médico nos locais. Nesse período, apesar de desconhecida do público e da crítica, a Doctor Pheabes atingiu um feito que nenhuma outra banda brasileira jamais conseguiu: eles se apresentaram no Monsters of Rock 2015, no Lollapalooza 2015 e 2017 e no Rock in Rio 2017. Também fizeram os shows de abertura das bandas Guns n’ Roses, em 2014, e Rolling Stones e Black Sabbath, em 2016. 

Se um alienígena pousasse no Brasil nesse período, ele poderia pensar que o Doctor Pheabes era a banda mais importante do país. Na realidade, musicalmente falando, tratava-se de um grupo insosso e sem criatividade. No YouTube, a banda tem hoje míseros 3 000 inscritos e seu vídeo mais popular atingiu 1 milhão de visualizações. No Spotify, o número de ouvintes mensais jamais superou 2 000 pessoas.

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Embora absolutamente irrelevantes no cenário musical, as duas bandas dos donos da Prevent Senior driblaram as dificuldades do mercado musical com o rio de dinheiro que eles apostaram nelas. Os grupos, na verdade, funcionavam como um caríssimo hobby para seus fundadores, que usaram o patrocínio da Prevent Senior a esses festivais como moeda de troca para também tocarem neles. Se fosse por mérito próprio, jamais seriam escalados. O próprio Eduardo já havia admitido isso em 2017, ao afirmar em uma entrevista que, sim, era verdade que eles só se apresentavam porque patrocinavam os eventos. Com as graves denúncias que a empresa está enfrentando na CPI, parece que, dessa vez, nem churrascaria de beira de estrada botaria as bandas para tocar.

Em depoimento da CPI da Pandemia, a advogada de ex-médicos da Prevent Senior, Bruna Morato, revelou ainda outro lado da fixação dos empresários com a música: narrou que eles faziam seus funcionários cantarem, com a mão no peito, um hino de lealdade à operadora de saúde composto por eles mesmos.

Hoje, em uma bizarra ironia do destino, o nome Doctor Pheabes carrega uma coincidência para lá de macabra. A banda se inspirou no filme Abominável Dr. Phibes, de 1971, cujo personagem principal Anton Phibes engendra uma terrível vingança contra os médicos que ele acredita terem cometido um erro fatal numa cirurgia com sua esposa. Se na ficção o Doutor Phibes era um sádico e vingativo músico, na vida real, a banda Doctor Pheabes não fica atrás: submete os ouvidos das pessoas a uma tortura musical.

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