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Autora de ‘A Vida da Gente’ vai explorar os ‘bastidores da vida’

Lícia Manzo fala de sua estreia como autora de novela e do desafio de assinar a trama que substituirá 'Cordel Encantado' na TV Globo

Por Leo Pinheiro
14 set 2011, 19h44

“Você pode ver a costura pelo lado de fora, que é mais bonito, mais arrumado. Se você virar pelo avesso, tem um bando de linhas, um bando de coisas. Eu gosto muito desse lado de trás, dos bastidores da vida”

A vida da carioca Lícia Manzo vai mudar radicalmente nos próximos meses. Depois de 14 anos na TV Globo, ela entra para o seleto time dos autores de novela da emissora, já com uma grande responsabilidade: manter a boa audiência do horário das 18h conquistada por Cordel Encantado, de Thelma Guedes e Duca Rachid.

A trama de A Vida da Gente tem como pano de fundo as relações familiares – o mesmo do seriado Tudo Novo de Novo, dirigido por Denise Sarraceni em 2009. Lícia pretende agora explorar o que chama de “família contemporânea”, o que inclui situações relativamente novas, como o namoro entre jovens que foram criados juntos por força do segundo casamento de seus pais.

Mas o grande tema da novela é a impossibilidade de prever o que a vida vai apresentar a cada pessoa – e isso está representado pelo despertar de Ana (Fernanda Vasconcellos) depois de um longo período de coma. “O coma tem um caráter emblemático, parece estacionado na fina fronteira entre a morte e a vida. Eu diria que o coma (ou a volta do coma, e reencontrar sua vida seguindo sem você), é o eixo da novela”.

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Nesta entrevista ao site de VEJA, Lícia fala de sua formação no teatro, das influências que recebeu, e do frio na barriga que sente com a proximidade da estreia de A Vida da Gente.

Como a experiência do teatro influenciou sua formação de autora?

Fiz de tudo em teatro – fui atriz durante muito tempo, produtora, diretora. A experiência de atriz contribuiu na compreensão da oralidade, daquilo que cabe na boca do ator. Isso me despertou o interesse pela escrita, mas só depois de 15 anos fui me dedicar a isso. E comecei por um mestrado em Literatura Brasileira, para estudar Clarice Lispector.

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Como você define o seu estilo?

Clarice Lispector dizia “Tem gente que cose para fora, eu coso para dentro”. Eu coso para dentro. Você pode ver a costura pelo lado de fora, que é mais bonito, mais arrumado. Mas se você virar pelo avesso, tem um bando de linhas, um bando de coisas. Eu gosto muito desse lado de trás, dos bastidores da vida. A novela tem acontecimentos muito fortes, mas você poder olhar para eles através de sua repercussão no interior dos personagens. Isso é muito legal.

Que autores tiveram influência sobre você?

Eu tenho um balaio de referências. Na minha novela, pago um tributo a tudo o que me formou e ao que assisti a vida inteira. Entre os autores de novela, Manoel Carlos, Gilberto Braga e Aguinaldo Silva. Também tenho gostado muito de séries americanas como In Treatment, de Gabriel Byrne, Once Again e Brothers and Sisters, que conjugam agilidade com personagens densos, trabalhados.

Qual é a sensação de estrear como autora principal de uma novela da Globo?

Dá muito frio na barriga. É muita responsabilidade, é muito difícil. Depois de vir para esse lugar, eu tiro o meu chapéu para todo mundo que escreve novela. É muito difícil, você tem que reunir muitos atributos diferentes. Eu estou tentando honrar essa oportunidade, esse convite, levo muito a sério isso.

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Qual a maior dificuldade de escrever uma novela?

O maior desafio para o autor de novela é dar conta do ritmo sem perder a conexão com a sensibilidade. Manter-se sensível e criativo a cada cena às vezes é muito difícil.

Mudou muito a sua rotina depois que começou a escrever a novela?

Estou com a minha vida realmente dedicada a isso. Minha rotina mudou inteiramente. Pelos próximos meses minha vida será só a novela.

Depois de colaborar com vários autores na Globo, como vê a colaboração em seu trabalho como autora?

Tenho oito colaboradores. Comigo somos nove escrevendo a novela. Eu não teria a menor onipotência. De novo falando das séries americanas, um diferencial deles é o diálogo bem elaborado, apurado, as cenas cheias de ambiguidade e de matizes. Você precisa de equipe de braços com você, para alcançar esse nível. Isso você não produz com a velocidade necessária se trabalhar sozinha.

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