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As estratégias do time de defesa de Harvey Weinstein

Advogados do magnata, que recebeu mais de 105 denúncias por crimes sexuais, apelam nas fases finais do julgamento; acusado enfrenta 5 processos criminais

Por Tamara Nassif 14 fev 2020, 11h43

Com o julgamento de Harvey Weinstein próximo de um veredicto, a defesa do magnata da indústria cinematográfica, cujas acusações de assédio sexual foram emblemáticas ao movimento #MeToo, tem buscado novos caminhos. Dentre as estratégias da advogada Donna Rotunno, está a tentativa de desmoralizar as duas testemunhas-chave do caso: Jessica Mann e Miriam “Mimi” Haleyi, ex-assistente de produção de Project Runway. Ambas denunciaram Weinstein por estupro.

Jessica Mann, pintada por Donna como dúbia e contraditória, supostamente teve um relacionamento consensual com Weinstein durante anos. A advogada, em um interrogatório que durou cinco horas, apontou que Jessica comemorou o aniversário de Weinstein no dia seguinte a um dos estupros denunciados. “Você alega que foi estuprada em um hotel em Nova York, dia 18 de março, e no dia seguinte foi comemorar, voluntariamente, o aniversário do seu estuprador? Isso não é relevante para falar nesse momento em que você vai, ou não, ter sua palavra levada a sério sobre o que aconteceu naquele quarto?”, disse.

Donna ainda expôs uma série de e-mails trocados entre os dois que ocorreram até meses depois dos supostos estupros. “Obrigado por seu apoio incondicional e carinho. Você me ajudou a acreditar em mim mesma”, escreveu em um, e “ninguém me entende tanto quanto você”, em outro. O argumento da advogada era de que Jessica mantinha relações sexuais com Weinstein para conquistar prestígio em Hollywood.

“Não é o tipo de coisa que é falada para o seu estuprador”, disse a advogada de defesa. Jessica sofreu um ataque de pânico durante o interrogatório, e James Burke, o juiz responsável pelo caso, foi obrigado a suspender a sessão.

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Contra Mimi Haleyi, a advogada empregou a mesma estratégia de desmoralização, e argumentou que a suposta vítima estava mentindo sobre a natureza das relações, vistas como inteiramente consensuais. Também insinuou que Mimi estava apenas à procura de dinheiro, e que foi só após as primeiras reportagens do The New York Times com alegações contra o magnata, em outubro de 2017, que as “memórias dela ressurgiram.”

 

Na sessão desta quinta-feira 13, a advogada de defesa apelou ao júri composto por sete homens e seis mulheres para que “tenham coragem para tomar a decisão certa, independentemente do quão impopulares vocês poderão ser quando voltarem às próprias rotinas.” Além disso, fez eco às inúmeras declarações controversas que deu desde o começo do processo, ao afirmar que o movimento #MeToo não permitia mais a condução de um julgamento justo aos homens acusados de crimes sexuais, bem como colocava em risco a presunção de inocência dos acusados. “Se vocês desconsiderarem a presunção de inocência do Sr. Weinstein, vocês estarão desconsiderando a de todos e cada um de nós”, disse.

Ela ainda disse ao júri que os promotores haviam criado um “universo alternativo”, no qual “mulheres não são responsáveis pelas festas que comparecem, pelos homens com quem flertam, pelas passagens de aviões que aceitam. Neste universo, um homem poderoso é o vilão, e ele é tão influente e grande que nenhuma mulher iria querer ter relações sexuais com ele”.

As declarações vieram na esteira da decisão de não colocar Weinstein para depor contra as acusações, na terça-feira, 11, o que, de acordo com outro advogado de defesa do magnata, Damon Cheronis, foi discutido e acordado com o acusado. “Ele não é culpado e não vai testemunhar”, disse ao júri. Essa escolha pôs fim a etapa de defesa do julgamento, o qual começara a ter seu veredito discutido na próxima terça 18.

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Harvey Weinstein, desde outubro de 2017, foi acusado por cerca de 105 mulheres por crimes sexuais. Ele nega todas as denúncias e diz que suas relações foram inteiramente consensuais. O júri do julgamento sediado em Nova York começa a deliberar sobre o caso a partir da próxima terça-feira, 18.

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