Aos 90 anos, Cristo Redentor é grande astro de cinema, do cult ao pop
Inaugurada em 12 de outubro de 1931, estátua é figurinha carimbada em filmes quando o assunto é Brasil, do francês 'O Homem do Rio' a 'Velozes e Furiosos 5'
De braços abertos sobre a Guanabara, como canta Tom Jobim no Samba do Avião, está o Cristo Redentor. Inaugurado há 90 anos, em 12 de outubro de 1931, o carioca em art déco tem um currículo extenso: uma das sete maravilhas do mundo moderno e Patrimônio da Unesco, a estátua de 38 metros de altura é “musa” de canções e poemas a perder de vista e se impõe como cenário de casamentos, pedidos de noivado, ponto de selfies; e até palco de concertos. O cartão-postal é ainda o símbolo do Brasil para o mundo, tanto que é a ele que sétima arte recorre quando quer retratar o país – do cinema cult europeu ao pop hollywoodiano.
A predileção data em menos de uma década desde a inauguração. Embalado pela voz de Carmen Miranda, o samba-rumba Chica Chica Boom Chic introduz o Cristo sombreado no Corcovado, na abertura do musical Uma Noite no Rio (1941). O cenário da comédia, inteiramente rodado em solo americano, recorreu a fotografias da Cidade Maravilhosa para uma recriação fiel nos sets de filmagem – cortesia do Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP), do governo Getúlio Vargas. Daí por diante, a lista de aparições engrossa, a incluir clássicos do cinema europeu: Cristo fez palinha no francês O Homem do Rio (1964), com Jean-Paul Belmondo, e até no inglês 007 Contra o Foguete da Morte, de 1979, com Roger Moore na pele do famoso espião.
É no pop de Hollywood, no entanto, que o monumento vira figurinha carimbada do cinema. No apocalíptico 2012, lançado em 2009, o monumento rui e se despedaça Corcovado abaixo durante uma catástrofe de dimensão mundial, que coloca toda a humanidade em perigo. Em um tom mais adorável, a estátua cai nas graças da animação Rio (2011): Blu, uma simpática ararinha-azul, sai dos Estados Unidos rumo ao Brasil para acasalar com Jade e, assim, garantir a sobrevivência da espécie em risco de extinção. O casal voa em torno do Cristo – uma das cenas mais bonitas do longa.
Um ano mais tarde, O Cristo foi parar no cartaz de Velozes e Furiosos 5: os possantes da trama aqui se ambientam no Rio de Janeiro, onde Dom (Vin Diesel) e Brian O’Conner (Paul Walker) estão à caça de um traficante de drogas. Em 2012, Amanhecer – Parte 1, penúltimo filme da saga Crepúsculo que rendeu quase 830 milhões de dólares em bilheteria, mostra os pombinhos Edward (Robert Pattinson) e Bella (Kristen Stewart) em lua de mel no Rio de Janeiro – e é o Cristo que introduz a Cidade Maravilhosa na trama.
Vindo de uma parceria entre o engenheiro brasileiro Heitor da Silva Costa e o escultor francês Paul Landowski, o monumento é uma pérola nacional. Os braços abertos de Cristo abençoam o Rio – e, graças ao cinema, o mundo todo também.