Antônio Guerreiro: o fotógrafo das estrelas
O artista morreu em 28 de dezembro, aos 72 anos. Havia três meses, ele fora diagnosticado com um câncer na bexiga
O estúdio de fotografia de Antônio Guerreiro no bairro do Catete, no Rio de Janeiro, foi terreno de todas as subversões (e de todas as belezas) das famosas do cinema, televisão e teatro dos anos 1970 e 1980. Era o lugar inescapável para que atrizes como Leila Diniz, Bruna Lombardi, Sandra Bréa, Sonia Braga, Betty Faria e tantas outras se despissem do pudor e posassem para as lentes de um brasileiríssimo nascido em Madri, que trocara o diploma de economia pelos negativos (Guerreiro, ressalve-se, era de um tempo em que as câmeras digitais eram apenas sonho, e tudo era feito com mais calma e demora). Nas páginas de revistas como Playboy e Contigo, então publicadas pela Editora Abril, e em pôsteres para cinema (A Dama do Lotação, de Neville D’Almeida, de 1978, e Eu Te Amo, de Arnaldo Jabor, de 1981), ele criou um estilo muito particular: fotos quase sempre em preto e branco, olhares lascivos, cabelos ao vento (de ventiladores, é claro), batons de cores fortes e excesso de gloss. Pode-se dizer que a imagem que temos daqueles anos nasceu nas dependências cariocas de Guerreiro — que, com alguma frequência, namorava com suas modelos. Morreu em 28 de dezembro, aos 72 anos. Havia três meses, ele fora diagnosticado com um câncer na bexiga.
Publicado em VEJA de 8 de janeiro de 2020, edição nº 2668