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Acusado de racismo, museu Tate, em Londres, muda descrição de restaurante

O estabelecimento, que retrata a escravidão de crianças negras em suas paredes, era tido como a "sala mais divertida da Europa"

Por Amanda Capuano Atualizado em 7 ago 2020, 11h31 - Publicado em 7 ago 2020, 11h22

Quem entrar no site do Tate Museum a partir desta semana, não verá mais o restaurante The Rex Whistler ser descrito como a “sala mais divertida da europa”. A instituição alterou o texto depois de ser acusada de endossar o racismo do mural que recobre suas paredes. A imagem em questão é The Expedition in Pursuit of Rare Meats (A Expedição em Busca de Carnes Raras), uma pintura feita em 1920 pelo artista que dá nome ao estabelecimento e, entre outras coisas, retrata uma criança negra atada a cavalos e uma carruagem através de uma corrente no pescoço.

A obra, dividida em episódios, conta a história de uma expedição de caça do Duque de Epicuria e sua corte, do momento em que partem da Inglaterra até o seu retorno com os achados na viagem. Além da criança, as cenas incluem um leopardo baleado, o roubo de alimentos e uma viagem à muralha da China, com os nativos retratados por meio de estereótipos. “The Expedition in Pursuit of Rare Meats é uma das obras mais importantes de Whistler, mas é preciso reconhecer a presença de representações ofensivas e inaceitáveis e a sua relação com atitudes racistas e imperialistas na década de 1920 e hoje”, diz o novo texto. A descrição segue explicando que a ideia do artista era estabelecer uma progressão de imagens na busca de comidas e bebidas raras por todo o restaurante, a exemplo dos antigos papeis de parede chineses.

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A controvérsia em torno do mural surgiu na semana passada, após o site The White Pube questionar como um lugar que retrata a escravidão infantil poderia ser visto como “divertido”. A publicação não demorou a ganhar proporções, e deu origem a um abaixo-assinado pela retirada da arte ou realocação do estabelecimento. “O ponto fundamental de um restaurante de classe alta ser decorado com uma arte de natureza tão horrenda não é reconhecer seu teor doloroso e de ódio. O mural soa mais como um filme de terror do que o que esperaríamos de uma experiência gastronômica oferecida pela maior instituição de arte da Inglaterra”, dispara a petição.

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Trigger warning: paintings of black children in slavery. In the basement of Tate Britain, there is a fancy restaurant for rich people with a 'specially commissioned mural' titled 'The Expedition in Pursuit of Rare Meats' and the painting, by Rex Whistler, that goes right around the walls of said restaurant features unicorns and different animals alongside black children in chains being pulled along by white people on the hunt. The screenshot above is the only text on the Rex Whistler restaurant page and … i'm sorry what. How does this restaurant still exist? What interior decoration is THIS? How do these rich white people still choose to go there to drink from 'the capital's finest wine cellars' with some choice slavery in the background? @Tate you are all deranged. I have no words.[ID: carousel of images, first one being the screenshot of Tate’s description of the Rex Whistler restaurant being known historically as the most amusing room in Europe, followed by close ups of the mural that lines its walls. There is an image of lots of old white people dressed in smart casual clothing dining at the restaurant with the backdrop of the mural; and there are scenes then from the painting itself which involve white people hunting for ‘rare meats’ including unicorns and other creatures, while the hunting party drags around a Black child slave who is naked while everyone else is clothed and has a metal collar on which is how they are pulling the kid along. The mural is continuous so there are different moments from the same hunt around the walls]

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O museu não fugiu das críticas, disse estar trabalhando para tornar-se um espaço inclusivo e de acolhimento a todos e reconheceu a natureza do mural como parte do momento em que foi idealizada. “Essa representação demonstra as atitudes de identificação racial que prevaleciam na Inglaterra de 1920. Paradoxalmente, o enfraquecimento do império britânico nesse período despertou expressões culturais da superioridade da “raça britânica”, completa a página do restaurante. Ao The Guardian, um representando do Tate informou que o assunto voltará a ser discutido futuramente e que eles estão abertos a discussões e são transparentes quanto ao teor racista do mural de Whistler. A mudança do texto, nesse sentido, seria parte de um processo em curso para confrontar a história do país e estabelecer representações mais inclusivas da arte britânica.

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