A maratona alemã de cinema está ainda mais política
Festival protesta contra a prisão do diretor iraniano Jafar Panahi, impedido de participar do júri. Filme de abertura será 'Bravura Indômita', dos irmãos Coen
O 61º Festival de Berlim começa nesta quinta-feira com uma das sete cadeiras do júri, a reservada a realizador iraniano Jafar Panahi, ainda vazia. O gesto é uma das formas que a organização da maratona alemã encontrou para protestar contra a prisão do premiado diretor de O Círculo (2000), decretada em dezembro pelo governo de Mahmoud Armadinejad. O pontapé inicial da programação será dado com a projeção de Bravura Indômita, refilmagem do clássico de Henry Hathaway, com John Wayne, dirigida pelos irmãos Joel e Ethan Coen e indicada a dez categorias do Oscar.
Em solidariedade a Panahi, conhecido por filmes que falam sobre a situação social do Irã, o festival também exibirá quatro de seus longas-metragens, incluindo Offside, que ganhou o Urso de Prata de direção em 2006. Além disso, a Berlinale abrigará um debate com cineastas iranianos que vivem no exílio. A múltipla iniciativa reforça o perfil político que o evento cinematográfico, um dos três maiores do mundo, ao lado de Cannes e Veneza, adquiriu com a gestão de Dieter Kosslick, que assumiu o posto em 2001.
Ao longo de 10 dias de atividades – que incluem uma retrospectiva do diretor sueco Ingmar Bergman – serão exibidos cerca de 400 títulos, vindos de 58 países diferentes.
A participação brasileira se limita às mostras paralelas, com a exibição dos longas Tropa de Elite 2, de José Padilha (Panorama), Os Residentes, de Tiago Mata Machado, e do curta Ensolarado, de Ricardo Targino (Geração). Padilha volta à Berlinale três anos depois de ganhar o Urso de Ouro de melhor filme com Tropa de Elite, vitória duramente questionada na época pela imprensa internacional. O diretor carioca virá acompanhado dos atores Wagner Moura, protagonista do filme visto por mais de 11 milhões de brasileiros, e da atriz Maria Ribeiro.
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