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50% das estátuas nos EUA celebram donos de escravos, diz pesquisa

Após furor de destruição de monumentos nos protestos anti-racistas, "censo" politicamente correto almeja ampliar diversidade dos homenageados no país

Por Amanda Capuano 29 set 2021, 16h41

Em meio ao fervor de movimentos como o Black Lives Matter, que ganhou as ruas e redes sociais com os assassinatos de Breonna Taylor e George Floyd em 2020, os Estados Unidos viram estátuas de líderes confederados serem colocados abaixo por manifestantes que questionam a homenagem aos ditos “heróis nacionais” de passado escravagista. Agora, um relatório da Andrew W. Mellon Foundation divulgado pelo jornal The New York Times nessa quarta-feira, 29, aponta que, das cinquenta pessoas representadas com mais frequência por monumentos no país, 88% são homens brancos – e a metade deles era proprietária de escravos.

Para chegar aos números, a instituição passou o último ano se debruçando sobre cerca de 50 000 obras espalhadas pelo território americano. Uma equipe de trinta membros do Monument Lab –  um estúdio de pesquisa com sede na Filadélfia – encontrou os monumentos por meio de dados disponíveis publicamente, executando a auditoria do trabalho. Além das figuras ligadas à escravidão, descobriu-se que, entre os rostos mais recorrentes, apenas 6% são mulheres e 10%, negros ou indígenas.

Na dianteira da representação está o ex-presidente Abraham Lincoln, que assinou a emenda que pôs fim à escravidão no país. Lincoln é seguido por George Washington, o primeiro presidente americano (ele próprio dono de escravos), e por Cristóvão Colombo, o “descobridor” da América e tido como algoz das populações nativas. Em seguida aparecem Martin Luther King Jr, líder da luta pelos direitos civis dos negros no país, São Francisco de Assis, e o controverso general Robert E. Lee, comandante do exército confederado – a ordem de retirada de uma estátua do militar desencadeou um violento protesto de extrema-direita em Charlottesville, em 2017. A primeira mulher a dar as caras é a francesa Joana d’Arc, que aparece em 18º lugar, enquanto a primeira americana da lista, a abolicionista Harriet Tubman, se encontra em 24º.

Segundo o Monument Lab, os dados congregados ajudarão a orientar a iniciativa de 250 milhões de dólares da Andrew W. Mellon Foundation para repensar a quem os americanos devem homenagear. O próximo passo é aumentar a diversidade entre as figuras históricas representadas em estátuas. Para isso, a organização contratará dez equipes de artistas em todo o país para buscar projetos que preencham as lacunas de diversidade detectadas. “Recebemos inscrições de todos os estados e territórios, de comunidades tribais e coletivos trans-fronteiriços”, disse Paul Farber , diretor do Monument Lab. “Devemos ver os monumentos como estações intermediárias que refletem nossos valores.”

Além da questão prática, estudiosos poderão usar os dados como fonte de pesquisa. “O benefício de ter essas informações disponíveis publicamente como um banco de dados é que ativistas e acadêmicos poderão justificar seus argumentos”, disse Erin Thompson, professora associada do John Jay College of Criminal Justice, que está lançando um livro sobre o tema. Florie Hutchinson, porta-voz do Monument Lab, disse que há necessidade de um banco de dados que reúna os monumentos públicos. Agora, ela espera que a pesquisa possa ajudar a identificar “padrões e temas nacionais abrangentes”.

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