O novo filme de Angelina Jolie dará início a uma temporada de Callas-core?
Entre suas roupas deslumbrantes e o famoso roupão de crochê felpudo, Maria Callas já inspira coleções de moda contemporânea e desponta como tendência
Aguardado filme com Angelina Jolie, “Maria”, que estreia nessa quarta-feira, 27, nos cinemas e em 11 de dezembro, na Netflix, tenta desvendar os últimos dias de uma das maiores vozes da ópera no mundo. Portanto, a pergunta que não quer calar: quem foi a verdadeira Maria Callas? Dada sua carreira tumultuada, seu jeito deslumbrante, mas envolto em um glamour sombrio, é uma questão que já tentaram entender – a mulher por trás do mito de “La Divina”.
Muitas pistas, porém, podem estar em suas roupas, já que ela era um reconhecido ícone fashion. E até onde sabemos, o figurino é um caminho importante percorrido pela atriz, pelo diretor Pablo Larraín, já conhecido pela excelência em decodificar os costumes da indumentária — das mulheres mais icônicas do século XX. (Só ver seus “Jackie” de 2016 e “Spencer” de 2021); e o figurinista italiano Massimo Cantini Parrini, que, não por acaso, é dono de um dos arquivos mais impressionantes de roupas históricas da Europa, nessa missão.
Parrini declarou que para sua sorte, “Callas foi uma das mulheres mais fotografadas do mundo”. Para esse filme, no entanto, o desafio era maior, já que há uma escassez de registros fotográficos da última semana de vida de Callas, quando grande parte do filme acontece. Época em que a cantora enfrentava um processo sombrio e queria ser “invisível”.
Por isso, por exemplo, entre os mais de 60 trajes criados para o longa, prevalecem casacos, chapéus de abas largas e uma paleta quase universal de preto. Nos corredores dourados de seu apartamento, ela usa um roupão de crochê felpudo — uma espécie de crisálida para se proteger, até se camuflar – declaradamente o favorito de Angelina, o que ela disse ser “o que mais parecia com a Maria que eu vim a amar.”
Callas-Core?
Mas é claro que, por se tratar de Maria Callas, não poderia deixar de aparecer alguns figurinos deslumbrantes, em forma de recriações meticulosas e cheias de detalhes, como o vestido que ela usou no aniversário de John F. Kennedy ou seu icônico modelo para Medeia, no La Scala de Milão. Não à toa, era amiga próxima de grandes designers de sua época, de Christian Dior a Yves Saint Laurent.
E diferente das estrelas de hoje, que, em grande parte, vestem roupas emprestadas, Callas tinha uma vasta coleção de roupas deslumbrantes. E um estilo marcante que já andou inspirando a moda contemporânea – a recente coleção outono-inverno 2024 da Erdem, por exemplo, trouxe uma reinterpretação teatral de seu guarda-roupa Medeia, em desfile em frente aos mármores do Partenon do Museu Britânico, com uma trilha sonora de Callas. O drapeado grego também apareceu na coleção de alta-costura da Dior e na primavera de 2025 de Richard Quinn. Será um prelúdio de uma “Callas-core”? Provavelmente sim.