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Indústria dos luxuosos resorts pós-natais ganha força no mundo

Na delicada fase em que o bebê se adapta, as mamães agora podem ter uma trégua em espaços ultraespecializados e cheios de paparicos

Por Amanda Péchy, Matheus Deccache Atualizado em 27 jun 2022, 11h29 - Publicado em 26 jun 2022, 08h00

A primeira temporada da existência de um bebê no mundo é cercada de altas emoções, já que esse é um período de adaptação em todos os essenciais escaninhos da vida — comer, dormir, chorar a plenos pulmões para se comunicar. Nessa ciranda, os pais — e aí sobretudo as mamães, que se mantêm umbilicalmente ligadas ao filho na frenética rotina de amamentação — são sugados para um terreno povoado de imensas surpresas e pouco sono. Em uma tradição já milenar, países do Oriente cultivam o hábito caseiro de familiares prestarem apoio às mães, provendo-lhes alimentação saudável, valioso tempo para o descanso e até um ambiente aquecido, em que elas ficam destituídas de qualquer tarefa. Como uma evolução disso, surgiram nos anos 1990 centros especializados em cuidar das mulheres em fase tão delicada — na Coreia do Sul, eles são chamados de sanhujori. E eis que, recentemente, começou a brotar pelo globo uma indústria que eleva às alturas o rol de paparicos: a dos luxuosos resorts pós-natais.

Um exército de profissionais de prontidão para embalar e entreter o bebê enquanto a mãe engata sessões de massagem e meditação ou tira uma generosa soneca faz com que os primeiros dias da nova maternidade soem como férias. Elas nem passam em casa — é do hospital para o hotel. No Saint Park, situado no modernoso bairro sul-coreano de Gangnam, em Seul (o berço, com o perdão do trocadilho, desse gênero de spa), são oferecidos serviço de limusine e gastronomia de primeira, mimos que rivalizam com os do De Rama, que possui um spa com técnicas suíças e exibe nas paredes das suítes as coloridas pinturas do coreano Dukki Kim. Às vezes, é a própria experiência que inspira gente como Boram Nam e o marido, Suk Park, a investir em um resort urbano como o Boram Postnatal Retreat, que abriram em maio deste ano no 9º andar do cinco estrelas Langham Hotel, debruçado sobre a Quinta Avenida, em Nova York. Ela decidiu inaugurar o espaço depois de passar por uma dolorosa recuperação após o nascimento do segundo filho, em 2014. “A ideia é facilitar a transição entre o hospital e a casa para novos pais”, explica Nam a VEJA. A partir de 1 300 dólares a diária, há acesso livre a pediatras e fisioterapeutas, berçário supervisionado e providencial relaxamento para os pés, só para começar.

O princípio da relação da mãe com o seu bebê envolve ajustes variados de parte a parte, especialmente para a mãe de primeira viagem. Nem sempre a amamentação engrena no automático e até segurar o frágil ser na hora do banho exige treino e perícia. No &Breathe, no sul da França, a dona, Clio Wood, que penou em sua estreia na maternidade, oferece uma mãozinha justamente nessas missões mais operacionais, além de acompanhamento integral à mãe a cargo de um sorridente time. “Não tem como algo tão personalizado custar pouco”, diz Clio, que cobra 2 300 dólares a semana para dois adultos (sim, é comum os papais desejarem estar por perto nesse percurso) e um bebê. “Eu me senti segura de me ver entre outras mães, jantando com elas, e meu filho estar superassistido no andar de cima”, relata a hóspede Elizabeth Sergeant, nutricionista que mora em Londres e viajou à França já com o filhinho no colo em busca de um pós-parto no bem-bom.

Especialistas defendem a atenção especial à mãe nessa hora, em que as emoções estão a toda e elas são mais exigidas do que nunca. “Com o nascimento, os cuidados acabam se destinando só à criança”, lembra o ginecologista Ricardo Porto Tedesco, da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia. “A sensação de vazio depois que o bebê nasce, o desequilíbrio hormonal e a privação de sono criam um quadro perigoso de estresse”, arremata. Segundo artigo publicado no periódico International Journal of Environmental Research and Public Health, a maioria das mães passa por estresse físico ou mental após o parto, o que causa depressão em uma parcela de até 20% delas. A ciência enfatiza aí um ponto fundamental: uma mãe bem cuidada se encarregará melhor da árdua e ao mesmo tempo prazerosa tarefa de nortear os filhos em seus primeiríssimos passos. Podendo ser em um cenário deslumbrante e repleto de paparicos, tanto melhor.

Publicado em VEJA de 29 de junho de 2022, edição nº 2795

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