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Chatri Sityodtong: “Smartphones são ideais para assistir a lutas de MMA”

CEO da One Championship, fenômeno de audiência digital da Ásia, o empreendedor apresenta agora uma nova versão do reality "O Aprendiz" na Netflix

Por André Sollitto Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 11 fev 2022, 18h04

O nome de Chatri Sityodtong pode não ser (ainda) muito conhecido aqui no Brasil entre aqueles que não acompanham de perto as competições de artes marciais. Mas o empreendedor natural de Cingapura, lutador de muay thai e jiu-jitsu e ex-investidor que já passou por grandes gestoras dos Estados Unidos está por trás de um verdadeiro império esportivo na Ásia. Ele é o CEO da One Championship, a maior propriedade global de mídia esportiva da Ásia e uma das 10 maiores do mundo. Sityodtong foi eleito pela Fox Sports a segunda pessoa mais poderosa do mercado esportivo asiático.

Com os brasileiros Adriano Moraes e Bibiano Fernandes entre seus atletas, a One Championship conquistou espaço ao organizar campeonatos, lutas de exibição e outros eventos para promover as artes marciais. Desde 2018, tem também uma divisão de esports. E, com essa mistura, tem conquistado o interesse dos jovens nas redes sociais. No ano passado, bateu 8,84 bilhões de visualizações orgânicas no Facebook, superando – e muito – outras propriedades, como a WWE, a NBA e o UFC.

Agora, Sityodtong está à frente do programa “O Aprendiz – Edição One Championship: Cérebro e Força”, em cartaz na Netflix. Trata-se de uma nova versão do tradicional reality show que já foi apresentado por Donald Trump e Arnold Schwarzenegger, nos Estados Unidos, e por Roberto Justus e João Dória, no Brasil. Em 13 episódios, competidores precisam disputar provas do mundo dos negócios, como já acontecia em edições anteriores, mas também encarar desafios físicos.

Em entrevista a VEJA, Sityodtong fala sobre o conceito dessa nova versão do programa, da estratégia para dominar o mercado digital a partir da popularidade dos smartphones e do processo de seleção dos atletas que fazem parte de sua empresa.

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Como você criou esse formato diferente para um programa que tem um histórico e um modelo já bastante conhecido pelo público?

Quando me convidaram para fazer o programa, fiquei pensando em uma maneira nova, divertida e interessante de fazer. E pensei em mostrar um pouco do processo pelo qual passam os lutadores. Antes de se tornarem campeões mundiais, eles passam por treinamentos incríveis, pela exaustão física. Então, foi esse o conceito que trabalhamos, de como pessoas normais precisariam passar por um processo intenso antes de virem trabalhar comigo. Selecionamos candidatos de todo o mundo. E eles passam por desafios do mundo dos negócios, com todo o aspecto intelectual, e também encaram desafios físicos, como saltar de uma ponte, mergulhar ou participar de uma simulação de helicóptero. São coisas bem loucas. Convidamos 12 campeões mundiais e também 12 CEOs que são meus amigos para ajudar nas provas. É sobre ter um espírito de lutador. Ficamos felizes quando o reality ficou pronto. Mas ver que pouco mais de uma semana depois do lançamento ele já está fazendo tanto sucesso… É incrível.

A One Championship já é muito grande na Ásia e tem um público fiel. Vocês imaginavam que o programa faria sucesso por lá, mas ele também está indo bem na Europa e na América Latina, inclusive no Brasil.

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Sim. Conseguimos fazer algo novo e imaginamos que faríamos sucesso na Ásia. Mas dois dias depois do lançamento nos disseram que ele estava em alta na Espanha, Alemanha, França, Brasil. Em tantos lugares… Foi surpreendente. Mas, no fim, o programa fala de tudo. De como alcançar seu potencial máximo e viver da maneira mais completa.

A pandemia teve um impacto muito forte nos eventos. Como vocês fizeram essa migração para o ambiente digital?

No início, foi muito difícil. Cingapura fechou completamente. Os eventos foram cancelados, ficamos três meses totalmente parados. Então, começamos a explorar os conteúdos digitais em redes sociais. Como engajar nossa audiência. Criamos conteúdos para o YouTube, para o Instagram, para o TikTok. E os números explodiram. Nesses dois anos, a audiência foi para as alturas. E hoje somos a propriedade de mídia com mais visualizações orgânicas no Facebook. Temos um 1,8 bilhão. O UFC teve 1,3 bilhão. Coloque isso em perspectiva. A NBA está abaixo. Com apenas 10 anos de existência, conseguimos superar a NFL, que tem mais de 100 anos. 

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A estratégia foi centralizada em smartphones?

Sim. Essas propriedades mais antigas são muito focadas na televisão. Mas nós nascemos na era do smartphone. Da geração Z, dos esports. O smartphone é a primeira e principal janela para o consumo de mídia. E numa tela de celular você não consegue enxergar tão bem a bola em uma partida de futebol ou de basquete. Não vai ficar três horas assistindo a um jogo. Mas dá para ver perfeitamente uma luta. Ou algo de esports. Os millenials e a geração Z querem conteúdo muito rápido e mais curto. Então tivemos sorte de apostar no modelo certo. Decidimos dominar o smartphone, e está sendo legal ver o resultado.

Outras marcas que você citou, como a NBA ou a NFL, também vendem um tipo de estilo de vida, uma cultura de roupas, comportamentos. Como ir além dos números de audiência e também oferecer um lifestyle?

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Ser fiel ao que a marca representa. Chamamos One por vários motivos. Significa o primeiro do mundo. É fácil de lembrar. Até quem não fala inglês sabe. E nosso lema é “somos um só”. No fim, estamos falando de campeões do mundo. Pessoas incríveis, heróis do mundo real que são uma inspiração. Então, a trajetória de um lutador que saiu da favela, para defender o título, é uma incrível história de vida. E queremos causar um impacto nas próximas gerações. Deixar um legado. Mostrar a importância de tratar bem seus colegas, sua família. Mostrar as atletas femininas que chegaram ao topo.

Em tempos de redes sociais, em que declarações podem ter um impacto enorme, como evitar que esses atletas falem coisas em suas páginas pessoais que afetem essa mensagem?

Fazemos um processo seletivo para identificar quem nós queremos trazer para a nossa plataforma. É preciso ter caráter, foco e valores. Eu fui, e sou, um praticante de artes marciais por toda a minha vida. Eu falo para os meus atletas que eles passaram por muita coisa. Sofreram muito, perderam muita coisa, tiveram seus corações partidos, passarma por dores… Tudo para chegar a esse ponto. É claro, ganhar dinheiro é importante. Mas cada um tem uma voz no mundo. Digo para eles: como vocês querem inspirar a próxima geração? Não querem transmitir o amor pelas artes marciais? E eles entendem. Pense no que o jiu jitsu, o vale-tudo, representava para o Brasil. Era quase um palavrão, associado a criminosos. Não mais. Hoje, fica claro como o esporte evoluiu na direção certa. Eu acho que o importante é inspirá-los a fazer o bem.

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Você identifica semelhanças entre o público do sudeste asiático e o brasileiro em termos de consumo de conteúdos?

Os brasileiros são muito apaixonados. Têm um espírito de guerreiros. E temos muitas histórias inspiradoras de gente que saiu da favela, treinou e hoje é um campeão mundial. Na Ásia também vemos isso. Eles também têm esse espírito guerreiro. E também têm esse interesse por histórias inspiradoras.

Você tem uma relação com o jiu-jitsu brasileiro. Já veio para cá para treinar?
Eu treino jiu-jitsu desde 2005. Sou faixa marrom. Treinei com Renzo Gracie em Nova York. Aqui, na Ásia, também tenho uma rede de escolas de artes marciais. E tenho muitos brasileiros entre os alunos. Vários dos atletas faixa preta treinam e moram aqui. Por isso, até aprendi um pouco de português. Mas eu nunca estive aí. Adoraria. Espero poder realizar esse sonho em breve.

Você construiu a One Championship do zero. Se tivesse que dar um conselho para quem tem um plano que nunca tirou do papel, o que diria?

Não escute seus amigos, pais, sociedade, nada. Pegue um papel e, de um lado, coloque tudo aquilo que você ama. Do outro, coloque o que você faz bem. Na intersecção entre os dois você vai achar algo mágico, e é nisso que tem que focar. Tire um tempo para entender o que você gostaria de fazer para se realizar. Porque a sociedade torna muito fácil construirmos carreiras vazias. Pegar um trabalho, ser promovido, comprar um carro, uma casa. Depois de 50 anos, você terá essas coisas, mas sempre ficará faltando algo. E o mundo não precisa mais desses trabalhos vazios. As pessoas valorizam que está realmente vivo, ajudando os outros. É isso que o mundo precisa.

Agora, com as restrições da Covid-19 começando a diminuir, quais são os planos para o futuro?

Já estamos fazendo eventos presenciais, especialmente em Cingapura. Mas queremos viajar pelo mundo. Meu sonho é fazer um evento no Brasil. Temos muitos fãs por aí, além de vários campeões mundiais. Meu sonho é treinar no Brasil. Em São Paulo, ou no Rio de Janeiro. Ou em Manaus.

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