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O perigo das festas alucinantes movidas a drogas sintéticas

Há um muro de silêncio em relação à cena eletrônica

Por Walcyr Carrasco Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 31 jan 2020, 10h24 - Publicado em 31 jan 2020, 06h00

Baladas e festas são parte do estilo de vida atual. Há para todos, incluindo jovens e adolescentes. Mas não só. Tenho amigos na faixa dos 30, 40 anos que não vivem sem. Até viajam para grandes baladas no exterior, com DJs famosos. “Festa” é um nome genérico para baladas itinerantes. São pagas, atraem muita, muita gente. Acontecem em lugares imprevisíveis. Desde espaços elegantes e hotéis desativados até embaixo de viadutos. A bebida corre solta, a dança é embalada por DJs. Principalmente, há muita droga.

É óbvio. Baladas e festas equivalem a uma maratona. Duram até o amanhecer. Depois, há o “after”. De manhã os festeiros vão para outro endereço, dançar. Também há o “after do after”. De tarde! Só alguém muito ingênuo acreditaria que tanta energia vem do espírito festivo. É preciso muito combustível, isso sim. Há quem dance 24 horas direto!

Eu nem saberia enumerar todas as drogas sintéticas da cena eletrônica. Mesmo porque frequentemente as antigas ganham mais efeitos, ou surge uma nova. A maioria destina-se a dar um “up”. Animação para festejar. A vovó de todas é o ecstasy, conhecido como “bala”. Dá uma sensação de euforia, de prazer. Dominou a cena eletrônica nos anos 90 e, de lá para cá, continua em alta. Outra é o “cristal”, na verdade metanfetamina. Tornou-se popular com a série americana Break­ing Bad. Nela, o protagonista, um professor de química, fabrica-a ilegalmente e ganha rios de dinheiro. Também estimulante, provoca um estado de alerta, tira a necessidade de dormir. Morro de medo de que botem no meu copo, pois se mistura com a bebida. Se vou a um evento, não facilito. As pessoas acham divertido deixar alguém “doidão”. Já fizeram isso com um amigo meu, e foi o caos. Só não imaginam que o “doidão” pode ter um ataque cardíaco. Há também o LSD, que produz alucinações. Ou a “K” (ketamina), anestésico para cavalo. Quem toma tem a sensação de estar fora do corpo, flutuar, até de atravessar as paredes. Os frequentadores misturam várias drogas. É arriscado. O poppers, vendido livremente em sex shops da Europa e dos Estados Unidos, era muito difundido entre gays, por estimular o apetite sexual. Atualmente, todos usam. Misturado com Viagra, é fatal.

“Baladas equivalem a uma maratona. É preciso muito combustível. Há quem dance 24 horas direto!”

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Como acontece? A pessoa chega à balada, à festa. Ou ao show incrível. O “dealer” oferece. “Dealer” é só um nome bonitinho. O certo é traficante. Não é preciso levar de casa. Cada evento é um supermercado de drogas. Os donos dos espaços, ou criadores, fecham os olhos. Até os pais fingem que não percebem. Ouço muitas críticas aos bailes funk. Há um muro de silêncio em relação à cena eletrônica. Seus frequentadores costumam ser da elite ou da classe média. Há uma permissividade, como se essas drogas não fossem tão drogas assim. Tragédias acontecem. Questão de tempo até a próxima. Vão achar que exagero. Tenho certeza. Para alguém que está me lendo, sou só um careta, incapaz de aceitar a alegria e a efervescência da cena eletrônica. Só por curiosidade: você não conhece alguém que acaba de passar quinze ou vinte horas numa festa?

Publicado em VEJA de 5 de fevereiro de 2020, edição nº 2672

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