Dificilmente uma só imagem conseguiria dar conta do que representa o Rock in Rio para o cenário musical brasileiro. Chegando a quarenta anos, ele cresceu e apareceu, ganhou outras dimensões, novos terrenos, expandiu fronteiras, conquistou novos públicos. E continua apresentando novidades. Na edição que se inicia nesta sexta-feira, 13, seguindo até domingo, 15, com mais quatro dias no outro final de semana (de 19 a 22), novidades como o Dia Brasil, só com atrações nacionais, e a chegada do sertanejo como gênero que se soma a tantos outros já presentes no lineup do festival. Em entrevista ao programa semanal da coluna GENTE no Youtube, no streaming VEJA+ e também disponível no Spotify, Roberta Medina, vice-presidente do Rock in Rio, fala dessas e de outras polêmicas que rondam o badalado evento no Parque Olímpico do Rio de Janeiro. Confira.
LEGADO DE 40 ANOS. É um evento, uma marca que foi abraçada como bandeira de uma geração num momento histórico e social muito importante para o país, lá em 1985. É muita responsabilidade lidar com isso, atender e cuidar à altura. Ah, é o Queen, Love of My Life? Tá, tá, essa é uma imagem muito emblemática. É o nosso Ney, que abriu o Palco Mundo, foi o nosso Cazuza, anunciando a vitória do Tancredo (Neves, para presidência), é tanta coisa… É o que gente construiu e reverberou para o mundo”.
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DIA BRASIL. “A potência e a força da nossa música, na verdade, foi a galera que fez acontecer, desde o de 1985, lá atrás. (…) Rock in Rio é uma grande referência do talento brasileiro, de saber fazer grandes eventos internacionais, de saber organizar cidades para receber grandes eventos. Porque não se resume a dentro dos muros da cidade do Rock, mas a todo um ecossistema, uma sociedade que se organiza para receber uma festa. Ninguém podia representar melhor os 40 anos do que a própria música brasileira”.
SERTANEJO. “Se a gente olhar a história do Rock in Rio, é um evento de grandes massas, é óbvio que a gente traz novidades, apresenta artistas, ajuda a construir a jornada até da música brasileira. Mas, a partir de um determinado ponto, o Rock in Rio é reflexo da sociedade. Os temas que surgem aqui são os que… Não é porque a organização coloca. A organização coloca suas propostas, mas o tema brota com tudo o que é relevante para a sociedade. É isso que estou te falando, não precisa pedir licença. Simplesmente acontece. Foi muito bacana o que aconteceu no show do Bruno Mars (no The Town, em 2023, ele tocou acordes de Evidências). Foi uma porta que não tem mais o trinco, bicho. Não fecha de jeito nenhum”.
LADY GAGA. “Foi uma mega frustração (o cancelamento da cantora na edição de 2017) e vou dizer o porquê. Para gente, deu muito trabalho, foi bem difícil gerir aquilo tudo no tempo que aconteceu, mas a frustração que a gente viu nos olhinhos dos fãs que já estavam na porta da Cidade do Rock não dá nem para explicar. Só ela vindo para poder tapar esse buraco. Não é em relação a história do festival, é da galera que se organizou, que montou suas fantasias, que preparou o visual e que investiu sua grana para vir de fora do Rio, foi muito duro”.
ANITTA. “Olha, você já sabe, eu adoro a Anitta e espero que, sim, em breve ela esteja com a gente de novo”.
ROCK IN BELÉM. “Não vai acontecer de forma alguma, não tem Rock in Rio sendo pensado fora do Rio e de Lisboa. A gente já está agora com The Town, com produção do Lolla todos os anos no Brasil, estamos com coisas já suficiente para botar a equipe para vibrar. Não, não temos outro festival Rock in Rio vindo por aí”.
INGRESSOS ENCALHADOS? “A gente tem os residuais de três dias (15, 19 e 21). Uma coisa que a gente constatou e que precisa ser trabalhada de forma diferente enquanto sociedade, porque isso não está na nossa mão, é preço muito alto para vir ao Rio de Janeiro nessa época do ano. No nosso caso, a gente faz o evento como sempre fez, e as indústrias que são impactadas positivamente vão ter que repensar em fazer algumas escolhas também”.
MEIO AMBIENTE. “Somos eternos otimistas, nossa missão nessa jornada é mostrar soluções que estão sendo criadas, iniciativas que fazem a diferença. É a gente poder usar a plataforma de mídia dos nossos festivais para convidar o público a assumir sua parte de responsabilidade, a empurrar a conversa para a iniciativa privada, iluminar temas que o próprio poder público possa acelerar”.