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Mulheres que denunciaram Marcius Melhem falam sobre assédio da Caixa

Leia carta escrita por dez mulheres, que denunciaram ex-humorista da Globo, em solidariedade a quem reportou as atitudes de Pedro Guimarães

Por Valmir Moratelli Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 1 jul 2022, 12h05 - Publicado em 1 jul 2022, 10h54

Após denúncias de assédio sexual sofrido por funcionários da Caixa Econômica Federal contra o ex-presidente da estatal, Pedro Guimarães, vítimas de outro caso de repercussão nacional recente vieram a público se manifestar em solidariedade. Dez mulheres que reportaram às autoridades competentes as condutas de Marcius Melhem, ator e ex-humorista da TV Globo, divulgaram nesta sexta-feira, 1, uma carta na qual chamam a atenção para as práticas corriqueiras de assédio dentro de empresas: “Esse assédio que vem disfarçado como piadas, como falsa amizade, como a insistência que precisa ser tolerada, sem que possamos reclamar. Do chefe que se impõe, que invade os espaços. Do assédio que é sexual, mas também é moral, porque é feito para calar testemunhas e assustar as pessoas”. Entre as vítimas do ator, a atriz Dani Calabresa.

Sobre a Caixa, Daniella Marques, indicada por Paulo Guedes, assume o comando do banco após Guimarães se demitir depois de divulgação das denúncias de assédio. Sobre a Globo, Melhem deixou a emissora após o departamento encontrar alegações de práticas abusivas graves. A seguir, a íntegra da carta de apoio a funcionárias da Caixa:

Às mulheres que denunciaram o assédio sexual na Caixa Econômica Federal.

Nós não sabemos seus nomes, mas conhecemos e respeitamos a sua coragem. Sabemos como foi difícil passar por tudo o que vocês passaram. Os assédios, as pressões, as ameaças. E a força que foi necessária para romper o silêncio e fazer as denúncias. Conhecemos os desafios que aparecem ao enfrentarmos um homem em posição de poder, que usa a sua força e o seu cargo para constranger e calar as pessoas.

Mas vocês falaram. Vocês foram às autoridades, contaram suas histórias, mostraram sua verdade. O medo de falar é enorme, sabemos. Mas a coragem para romper o silêncio é maior ainda. E como foi importante revelar a verdade e desafiar o poder. Ao fazer isso, vocês não apenas se defenderam, mas protegeram outras mulheres que poderiam ser vítimas do mesmo assédio.

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Estamos aqui para, metaforicamente, segurar suas mãos e reforçar seu movimento: não se calem, não cedam, não esmoreçam. Vocês não estão sozinhas. Queremos, num abraço por escrito, tentar apaziguar a dor de tudo que vocês vêm vivendo, pois sabemos exatamente o que vocês sentem. Cada uma de nós sente a dor de cada uma de vocês. E sabemos, não somos poucas.

Esse assédio que vem disfarçado como piadas, como falsa amizade, como a insistência que precisa ser tolerada, sem que possamos reclamar. Do chefe que se impõe, que invade os espaços. Do assédio que é sexual, mas também é moral, porque é feito para calar testemunhas e assustar as pessoas.

A luta de vocês não acabou. Estejam preparadas, porque as próximas batalhas serão tão ou mais duras. O sentimento principal talvez seja o medo. Medo da retaliação do poderoso denunciado, medo pelo futuro de nossas carreiras, medo de que nossa reputação seja posta em jogo, simplesmente porque fizemos o que era correto. O único fio que temos para nos segurar é a certeza de que essa era nossa única opção. Não podíamos suportar mais.

Os assediadores, quando expostos, seguem o mesmo roteiro: o ataque às vítimas. Nos desqualificam como forma de se defenderem, como se houvesse uma justificativa legítima para o assédio. Sabemos que não há. “Foi ela quem pediu”. “Era só uma brincadeira”. “Veja as roupas que ela usava”. Ou, “dei em cima, mas não foi assédio”. Como se a culpa fosse das mulheres. Mas não é.

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Ou então, a velha pergunta: “por que não denunciaram antes?”. Como se fosse fácil. O assédio, por definição, é um exercício de poder. Assediadores são poderosos. Têm em suas mãos empregos, carreiras, famílias. O ato de denunciar, seja quando acontecer, é um ato de extrema coragem. Vocês foram bravas. A culpa não é de vocês, como não era nossa. A culpa é de quem assedia. E das pessoas que sabem e ainda assim protegem os assediadores. Nós não sabemos quem são vocês.

Nunca nos falamos, nunca nos vimos e se nos cruzássemos na rua não teríamos como saber que passamos uma pela outra. Mesmo assim temos agora um laço inquebrantável. É por causa de mulheres como vocês que nós seguimos lutando. Daremos forças umas para as outras e não pararemos até que todas as histórias sejam contadas.

Acreditamos que a inspiradora fibra que vocês demonstram, bem como a nossa, é o material com o qual se construirá um futuro mais promissor. Um futuro em que todas as mulheres possam trabalhar sem serem assediadas. Um forte abraço, do GRUPO de vítimas denunciantes de Marcius Melhem,

Somos Muit@s.

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