Ela jura que falou uma, duas, três vezes, e ninguém deu bola. E assim, embalada pela revolta de não ser ouvida, Daniela Mercury, 59 anos, pegou um banquinho que atrapalhava sua performance em um show em Salvador e arremessou ao fundo do palco, sem, ufa, atingir as pessoas ao redor. “Banco, querido, pedi para tirarem você dali, mas não fui atendida. Muitos têm resistência em receber ordem de mulher”, ironizou, mas não conseguiu escapar da comparação com a cadeirada que José Luiz Datena aplicou em Pablo Marçal durante um debate pela prefeitura de São Paulo, um circo que em nada enobrece o exercício da democracia. Inabalável, Daniela evidentemente detestou a associação e esclarece que só estava mesmo brigando por terreno. “Só nós, mulheres, sabemos o que passamos para sobreviver no selvagem mundo masculino”, disse, agitando bandeira.
Com reportagem de Giovanna Fraguito e Nara Boechat
Publicado em VEJA de 27 de setembro de 2024, edição nº 2912