Promoção do Ano: VEJA por apenas 4,00/mês

Nova Temporada

Por Fernanda Furquim Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Este é um espaço dedicado às séries e minisséries produzidas para a televisão. Traz informações, comentários e curiosidades sobre produções de todas as épocas.
Continua após publicidade

Opinião: ‘Bloodline’ – 1ª Temporada

Este mês, o site de streaming Netflix estreou sua mais nova série, Bloodline, criada por Todd A. Kessler, Daniel Zelman e Glenn Kessler, todos de Damages. Como ocorre com as produções originais do site, esta também teve todos os treze episódios de sua primeira temporada disponibilizados de uma vez só. Trata-se de um drama familiar de suspense que traz […]

Por Fernanda Furquim Atualizado em 31 jul 2020, 01h45 - Publicado em 29 mar 2015, 18h08
  • Seguir materia Seguindo materia
  • Bloodline1
    Bloodline1 (/)

    Bloodline1

    Este mês, o site de streaming Netflix estreou sua mais nova série, Bloodline, criada por Todd A. Kessler, Daniel Zelman e Glenn Kessler, todos de Damages. Como ocorre com as produções originais do site, esta também teve todos os treze episódios de sua primeira temporada disponibilizados de uma vez só.

    Trata-se de um drama familiar de suspense que traz uma relação familiar que lembra aquela vista no filme/peça Gata em Teto de Zinco Quente. Nesta obra de Tennessee Williams, vencedora do Pulitzer de 1955, temos os Pollitts, uma tradicional família sulista que mantém as aparências perante a sociedade, mas que em sua intimidade enfrenta uma crise. Formada pelo patriarca, sua esposa, seus dois filhos, com suas respectivas esposas, a família se reúne para celebrar o aniversário de Big Daddy. Os filhos, e consequentemente suas esposas, são totalmente dedicados às vontades dos pais, especialmente de Big Daddy, que está morrendo de câncer. Todos sabem disso, menos ele e sua esposa, que permanecem alheios não só a isso, mas também aos demais problemas familiares. No entanto, no transcorrer da festa, tudo aquilo que vinha sendo mantido em baixo do tapete começa a aparecer.

    A descrição dos personagens pode conter pequenos spoilers.

    Em Bloodline, a família se chama Rayburn, na qual os filhos e seus cônjuges são totalmente dedicados às vontades e desejos dos pais. Ela é formada pelo patriarca Robert (Sam Shephard, de Klondike), dono de um hotel na Flórida, casado com Sally (Sissy Spacek, vista em Big Love), com quem teve quatro cinco filhos. Um deles, Sarah (Angela Winiewicz), morreu em um acidente quando ainda era pré-adolescente. A perda trágica da menina marcou profundamente a família e determinou a forma como cada um passou a se tratar depois disso.

    O filho mais velho é Danny (o australiano Ben Mendelsohn), que há muitos anos saiu de casa, tornando-se o ovelha negra da família. Viciado, com problemas de dinheiro, Danny ainda não encontrou seu caminho. Já tentou diversos trabalhos, sempre pedindo ajuda financeira à família, com quem não mantém um bom relacionamento afetivo. Há muitos anos, quando ainda era um pré-adolescente, Danny foi severamente espancado pelo pai. Mas o ato foi escondido pelos demais membros da família, para que Robert não fosse legalmente penalizado. O trauma que sofreu naquela época continua determinando seu presente e seu futuro.

    Quando a série tem início, Danny está voltando para casa com o objetivo de participar de uma celebração. Apenas a mãe está ansiosa por sua volta. O pai ainda mantém uma distância afetiva segura do filho e os irmãos, que estão totalmente à disposição dos interesses dele, fazem o mesmo. Todos vêem Danny como alguém que se perdeu na vida, portanto, não é uma pessoa em quem se pode confiar plenamente.

    Continua após a publicidade

    John (Kyle Chandler, de Early Edition e Friday Night Lights), o segundo filho de Robert e Sally, é um policial casado com Diana (Jacinda Barrett, de Zero Hour), com quem tem dois filhos pré-adolescentes, Jane (Taylor Rouviere) e Ben (Brandon Larracuente).

    Com a partida de Danny, John se tornou o filho mais velho, assumindo a função de se tornar o mais responsável e confiável. Aquele a quem todos recorrem quando têm um problema. O fato dele ser um policial apenas ajudou a definir esta sua função na família. Pressionado a sempre fazer a coisa certa na hora certa, para o bem de todos, John se tornou um ’empregado’ da família, que é colocada em primeiro lugar na sua vida e nos seus pensamentos.

    Buscando manter os interesses dos pais, e o bom nome dos Rayburn, John é o que mais se preocupa quando Danny reaparece dizendo que deseja voltar a fazer parte da família. Por ser seu irmão e se sentir culpado pelo que aconteceu a ele quando criança, John acredita que Danny merece uma segunda chance, embora tenha dificuldades de confiar plenamente nele.

    Continua após a publicidade

    Os demais filhos são Meg (Linda Cardellini, de Plantão Médico, Mad Men), uma advogada que deu as costas para todas as oportunidades que sua carreira pode lhe trazer, para poder ficar perto da família, atendendo seus interesses legais. Neste meio tempo, ela exerce sua profissão na pequena cidade do interior da Flórida. Sua família também determinou seus relacionamentos. Há cerca de cinco anos ela mantém uma relação com Marco (Enrique Murciano, de Without a Trace), um detetive da polícia que trabalha com John.

    O rapaz foi aceito pela família, o que leva Meg a acreditar que precisa se casar com ele. Enquanto vai adiando a decisão de se tornar ou não sua esposa, Meg mantém um relacionamento passageiro com Alec (Steven Pasquale, de Rescue Me), um empresário que tem interesses na região. Mas, embora se veja dominada pela família, Meg consegue manter a neutralidade no exercício de sua profissão, não se deixando levar por interesses pessoais.

    O outro filho de Robert e Sally é Kevin (Norbert Leo Butz, de The Deep End), um cabeça quente que ainda luta para manter seus negócios. Enquanto teme que um yatch clube seja construído na região, tirando-o dos negócios, Kevin tenta esconder da família o fato de que está se separando de Belle (Katie Finneran, de The Michael J. Fox Show).

    Continua após a publicidade

    Os personagens mais desperdiçados nesta primeira temporada são os patriarcas, Robert e Sally, que são relegados a uma presença insignificante, muito embora sua importância na trama seja inquestionável.

    Ao longo da história, somos apresentados à personalidade dos filhos, mas não conhecemos, de fato, a dos pais. Vemos apenas um aspecto da personalidade de Sally, ou seja, a da mãe preocupada com o futuro dos negócios e da família, interessada em fazer o que for possível para trazer o filho pródigo de volta ao seu convívio. No entanto, ao ser mantida alheia a tudo o que está acontecendo no tempo presente, ela não oferece ao público uma visão mais profunda de sua personalidade. O mesmo acontece com Robert, que tem uma presença ainda menor. Sabemos apenas que ele é um pai rigoroso que não conseguiu superar a perda de um filho.

    A série segue a mesma estrutura narrativa vista em Damages, ou seja, o público acompanha os personagens no tempo presente, o qual é interrompido com cenas que nos mostram seu futuro próximo. Visto que estas cenas não são reveladas em sua totalidade, é possível ter uma interpretação incorreta do que está por vir. Em determinados momentos da história, a narrativa também oferece cenas de flashbacks, que revelam um pouco do passado dos personagens. Esta é a fórmula dos roteiristas para estimular a curiosidade do público sobre a história desta família, ao mesmo tempo que em que esticam o suspense, não oferecendo muitas explicações sobre o passado ou futuro.

    Continua após a publicidade

    No entanto, embora esta estrutura tenha funcionado muito bem com Damages, ela não faz o mesmo com Bloodline. Talvez pelo gênero de cada série. Damages era um drama policial jurídico, enquanto Bloodline é um drama policial familiar. Na primeira, os diálogos do tempo presente eram preenchidos com questões relacionadas ao caso jurídico que estava sendo tratado na temporada, enquanto as cenas do futuro apresentavam uma situação policial (geralmente relacionada à morte de alguém), consequência do caso que estava sendo tratado. Em Bloodline, os diálogos do tempo presente referem-se aos relacionamentos e à situação de cada um na sociedade e na família; enquanto o suspense está todo voltado para as cenas do passado e do futuro (também relacionadas à morte de alguém).

    Na tentativa de prolongar o suspense e não oferecer muitas explicações que poderiam levar o telespectador a adivinhar cedo demais o que está por vir (ou o que já passou), os roteiristas esvaziaram os diálogos, tornando-os repetitivos, limitados e redundantes (narrando aquilo que estamos vendo). Como resultado, os personagens chegam muito perto dos estereótipos, com suas reações e raciocínio limitados, sendo que algumas situações criadas não seguem adiante. Em vários momentos vemos que os personagens começam a traçar o caminho que os levará à compreensão dos fatos ou, no mínimo, a uma reação lógica à sua personalidade e à situação que estão vivendo, mas logo mudam de rumo para que a trama possa se esticar até o décimo episódio, quando eles ganham sua liberdade. Esta construção narrativa permitiu que Danny, o agente de mudança, crescesse acima dos demais, ficando livre para dominar a situação, agindo sem enfrentar grandes obstáculos.

    Como ocorre em boa parte das histórias de suspense, tudo acontece nos três últimos episódios, momento em que o futuro se torna presente e as dúvidas que levaram o telespectador a continuar assistindo à série são respondidas.

    Continua após a publicidade

    Bloodline ainda não foi renovada mas, considerando a boa receptividade da crítica americana (que julgou a série pelos três primeiros episódios disponibilizados à imprensa antes de sua estreia), bem como ao fato de que, até o momento, todas as séries originais (adultas) do Netflix conseguiram ter mais de uma temporada produzida, é possível que ela seja renovada.

    Embora a trama tenha sido solucionada ao final da primeira, ela também introduziu algumas situações que dão abertura para uma segunda temporada.

    Estrelas2.5

    Publicidade

    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Veja e Vote.

    A síntese sempre atualizada de tudo que acontece nas Eleições 2024.

    OFERTA
    VEJA E VOTE

    Digital Veja e Vote
    Digital Veja e Vote

    Acesso ilimitado aos sites, apps, edições digitais e acervos de todas as marcas Abril

    2 meses por 8,00
    (equivalente a 4,00/mês)

    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (equivalente a 12,50 por revista)

    a partir de 49,90/mês

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$118,80, equivalente a 9,90/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.