Morre Léa Garcia, a atriz negra que quebrou padrões na TV
Artista de 90 anos, que participou de novelas como 'Selva de Pedra' e 'Escrava Isaura', ganharia um troféu especial no Festival de Gramado deste ano
A atriz Léa Garcia, 90 anos, morreu nesta terça-feira, 15, após sofrer um infarto na cidade de Gramado, onde seria homenageada à noite com um Troféu Oscarito no tradicional festival de cinema que ocorre na cidade do Rio Grande do Sul. Segundo o filho e empresário da atriz, Marcelo Garcia, ela foi levada ao hospital, mas não resistiu.
Nascida em 1933, no Rio de Janeiro, Léa foi casada com o ativista Abdias Nascimento (1914-2011), que lhe incentivou a investir na carreira de atriz. Ela começou no teatro e se destacou na peça Orfeu da Conceição (1956), de Vinicius de Moraes — que no ano seguinte ganhou uma adaptação francesa nos cinemas, o filme Orfeu Negro, vencedor do Oscar de melhor longa estrangeiro. Com a produção, Léa conquistou uma indicação de melhor atriz no Festival de Cannes.
Sua carreira no cinema, no teatro e na TV foi prolífica, somando mais de 100 produções e papéis que quebraram estereótipos até então atrelados a atores negros, abrindo espaço para outras grandes atrizes da televisão, como Zezé Motta e Isabel Fillardis. Foi nas novelas, porém, que ganhou popularidade, atuando em títulos como Selva de Pedra, Escrava Isaura e Xica da Silva. Seus trabalhos mais recentes na rede Globo foram séries de sucesso, como Arcanjo Renegado, Sob Pressão e Carcereiros.