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Por Kelly Miyashiro
Críticas e análises sobre o universo da televisão e das plataformas de streaming
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‘Borgen’: petróleo traz novas intrigas irresistíveis ao reino da Dinamarca

Sucesso na Netflix, continuação da série sobre dia a dia de uma política do país nórdico narra efeitos da descoberta fictícia do produto na Groenlândia

Por Gabriela Caputo Atualizado em 23 jun 2022, 19h36 - Publicado em 21 jun 2022, 10h27

Asger Holm Kirkegaard (Mikkel Følsgaard) acaba de ser promovido a embaixador interino no Ártico quando pede para se sentar e, angustiado, explica que, apesar de trabalhar no Ministério do Exterior, tem pavor de avião. Mais tarde, enquanto aguarda seu voo para a Groenlândia, o personagem tenta marcar uma sessão de emergência com seu hipnotizador, para diminuir o medo. A cena é parte do primeiro de oito episódios de Borgen: o Reino, o Poder e a Glória, e ilustra bem as razões do apelo desse afiado drama político dinamarquês. Para além dos jogos de poder dentro do governo, a série se empenha em mostrar como é o dia a dia das pessoas normais que cumprem altas funções na política, entre relacionamentos conturbados e dilemas. O prisma é, notadamente, feminino: a protagonista Birgitte Nyborg (a excelente Sidse Babett Knudsen) se tornou a primeira mulher à frente do governo da Dinamarca e agora, como ministra das Relações Exteriores, está no centro de uma crise internacional detonada pela descoberta de petróleo na mesma Groenlândia.

Borgen: o Reino, o Poder e a Glória é uma espécie de reinvenção de Borgen, originalmente exibida entre 2010 e 2013. Lançada no início de junho, pela Netflix, a trama da nova leva de episódios funciona como continuação, mas em uma temporada com certa independência narrativa em relação ao restante da história. Dessa vez, o roteiro se debruça sobre a descoberta fictícia de petróleo na Groenlândia, território dinamarquês no Ártico, e os conflitos resultantes disso. A “nova” Borgen tem todos os ingredientes da receita original, somados a um filtro estético mais apurado — já que, nas mãos da Netflix, ganhou o trato de um produto de streaming de larga escala. 

Na época em que Borgen foi inicialmente produzida, o cenário político era outro. Ao longo dos quase dez anos sem a série, se evidenciaram temas espinhosos como os efeitos das redes sociais nos governos e no jornalismo, a acentuação da crise climática e os conflitos entre nações; todos devidamente referidos nesta reinvenção. Hoje, também, as séries nórdicas têm maior espaço no entretenimento e vêm conquistando um público cada vez mais abrangente.

A disposição da gigante do streaming em investir em uma narrativa sobre a política especificamente dinamarquesa é prova de que os dramas de Borgen e de seus personagens podem ser universais — e, por isso, chegaram longe. Palavra dinamarquesa para “castelo”, Borgen é um apelido para o governo local, que fica sediado no Palácio Christianborg. Ao longo das três temporadas originais – disponíveis no catálogo da Netflix desde 2020 –, a série acompanhou a trajetória política e pessoal de Birgitte Nyborg. Líder do partido dos Moderados, ela acaba se tornando primeira-ministra da Dinamarca em uma situação inesperada. Curiosamente, a série de Adam Price previu acontecimentos da política dinamarquesa ao longo dos anos – em 2011, o país também ganhou de fato sua primeira primeira-ministra mulher, Helle Thorning-Schmidt.

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A brilhante Sidse Babett Knudsen na pele de Birgitte Nyborg
A brilhante Sidse Babett Knudsen na pele de Birgitte Nyborg (Netflix/Divulgação)

Agora uma política experiente, Birgitte atua como Ministra das Relações Exteriores e vai lidar diretamente com a crise e a competição internacional pela região, que envolve potências como Estados Unidos, China e Rússia. Além disso, a descoberta do petróleo pode significar um passo para a independência total da Groenlândia, hoje um território dinamarquês autônomo, bem como resultar em uma catástrofe climática. Ao mesmo tempo, Birgitte entra em conflito com a agora primeira-ministra do país. A disputa de poder que se instaura entre as duas revela o esforço da trama em fornecer personagens femininas fortes e, ao mesmo tempo, reais — que tentam equilibrar o trabalho e a vida pessoal e, por vezes, falham. Divorciada e com os filhos criados, Birgitte confessa que está feliz por não mais precisar se sentir culpada por trabalhar tanto, depois de ver sua família desmoronar nas temporadas anteriores. Agora, ela enfrenta outros desafios como mulher, como o envelhecimento e o início da menopausa. 

Muito do carisma de Borgen se deve, justamente, à sua protagonista: Birgitte é sincera, dotada de um idealismo político inspirador em tempos desanimadores, e também de uma vulnerabilidade que a torna humana. Ela é o principal sustentáculo do “estudo de poder”, nas palavras de Price, apresentado em Borgen: será possível manter seus princípios e valores dentro da política, sem perder a noção de quem se é, primeiramente, como pessoa? Em uma crise internacional, as peças do tabuleiro são maiores e mais assustadoras. E, após anos de experiência, Birgitte terá de mostrar se ainda tem a resiliência necessária para movê-las.

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