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A má notícia recebida pela Netflix em processo milionário de ‘Bebê Rena’

Plataforma não apontou nomes, mas Fionna Harvey foi identificada nas redes como pessoa real por trás de Martha

Por Amanda Capuano Atualizado em 30 set 2024, 15h45 - Publicado em 30 set 2024, 15h32

Um juiz americano decidiu que Fionna Harvey, apontada como inspiração para a stalker Matha (Jessica Gunning) de Bebê Rena, pode prosseguir com seu processo de difamação contra a Netflix, pontuando que o programa foi erroneamente anunciado como uma “história real” e que o streaming “não fez nenhum esforço” para verificar os fatos ou disfarçar Harvey como a inspiração de Martha.

Harvey não teve o nome divulgado pela Netflix, e Gadd alega que a personagem é fictícia. Há também um aviso nos créditos de que “certos personagens, nomes, incidentes, locais e diálogos foram ficcionalizados”. Mesmo assim, a mulher diz ter sido identificada nas redes sociais e recebido até ameaças de morte em função da série. Alvo de uma ordem judicial por sua suposta perseguição a Gadd, ela não foi condenada nem presa na vida real pelas interações, nega o abuso sexual retratado na trama e acusa a plataforma de difamação e violação de direitos. Por isso, pede 170 milhões de dólares em indenização, num processo que descreve a produção como “uma mentira projetada para atrair mais espectadores”.

Em sua decisão, o juiz Gary Klausner apontou que o fato de os episódios da série começarem com a frase “Esta é uma história verdadeira” leva os espectadores a aceitarem os acontecimentos da trama como verídicos. O magistrado reconhece que as “supostas ações de Harvey” contra Gaad são “repreensíveis”, mas aponta que as ações de Martha no programa são “piores” do que as acusações que recaem sobre a suposta inspiradora. 

O que diz a Netflix?

A gigante do streaming admitiu que a Martha da “vida real” nunca foi condenada por perseguição, ao contrário do que foi dito na série. Em maio, o diretor de relações públicas da plataforma no Reino Unido, Benjamin King, argumentou que Bebê Rena era uma “história real do horrível abuso” sofrido por Gadd “nas mãos de uma perseguidora condenada”. O comitê de Cultura, Mídia e Esporte do Parlamento Britânico exigiu evidências da fala do diretor, uma vez que não conseguiram encontrar registros da condenação a que ele se referiu. Em resposta, King admitiu que “a pessoa em quem o programa se baseia, que de nenhuma forma procuramos identificar, estava sujeita apenas a uma ordem judicial, e não a uma condenação”.

Richard Gadd também apresentou uma declaração judicial ao comitê na segunda-feira, 29. No texto, ele argumenta que Bebê Rena é uma obra dramática, e não um documentário. “Eu não escrevi a série como uma representação de fatos sobre qualquer pessoa real, incluindo Fiona Harvey. Martha não é Fiona Harvey”, disse. “Como todos os personagens da série, Martha é uma personagem fictícia, com traços de personalidade fictícios que se diferenciam muito dos de Harvey.”

Entenda o enredo de Bebê Rena

Fenômeno da Netflix, a série segue Donny (Richard Gadd), bartender de um bar em Londres que ainda sonha em se tornar um comediante de stand-up de sucesso. Ao conhecer um produtor famoso, o jovem passa a ser orientado pelo executivo e a frequentar sua casa — onde ele passa a usar drogas de forma recreativa e é abusado sexualmente pelo produtor. A experiência traumática faz com que ele se torne uma pessoa completamente frágil, promíscua e problemática. Quando Martha (Jessica Gunning), uma mulher obesa e com feição triste entra no bar em que Donny trabalha e diz não ter dinheiro, ele é gentil com a desconhecida, que passa a ir ao bar todos os dias para flertar com o garçom, que corresponde às investidas. A personagem, porém, passa a perseguir Donny, enviando milhares de emails e sendo cada vez mais agressiva. A história escala para graus absurdos até que Martha é condenada à prisão.

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