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Vergonha da Copa: só sente quem tem

Protesto no estádio Castelão durante a Copa das Confederações (Ivan Pacheco) “Vergonha” é a resposta de 55% dos brasileiros diante da seguinte pergunta: “O que você sente quando pensa na realização da Copa do Mundo no Brasil?”. Foi o que apurou a pesquisa realizada por VEJA entre 17 e 19 de fevereiro, ouvindo 4.381 pessoas […]

Por Sérgio Rodrigues
Atualizado em 31 jul 2020, 04h22 - Publicado em 25 fev 2014, 16h57
Protesto no estádio Castelão durante a Copa das Confederações (Ivan Pacheco)

Protesto no estádio Castelão durante a Copa das Confederações (Ivan Pacheco)

“Vergonha” é a resposta de 55% dos brasileiros diante da seguinte pergunta: “O que você sente quando pensa na realização da Copa do Mundo no Brasil?”. Foi o que apurou a pesquisa realizada por VEJA entre 17 e 19 de fevereiro, ouvindo 4.381 pessoas de todas as regiões do país (leia os resultados completos aqui).

É curiosa a história da palavra que está na cabeça da maioria da população diante da inépcia demonstrada por seus representantes nos preparativos do grande evento esportivo. Sinônimo – na acepção que vem ao caso aqui – de “desonra, humilhação, opróbrio, sentimento penoso causado pela indignidade”, vergonha é um vocábulo do século XIII, descendente do latim verecundia.

O mesmo termo latino deu no espanhol verguenza, que tem sonoridade similar ao vergonça do português arcaico – na feição moderna da palavra parece haver uma influência do francês ou do provençal. Ocorre que verecundia, substantivo do latim clássico derivado do verbo vereri, “temer, respeitar”, não tinha o sentido de opróbrio e humilhação, e sim o de “pudor, recato, decoro, dignidade”. Era uma qualidade moral, uma palavra carregada de conotações positivas.

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Sim, vergonha ainda tem tal acepção entre nós, bem como uma outra, vizinha dela, de insegurança ou timidez provocada pelo medo do ridículo. Sua acepção principal nos dicionários de português, porém, é mesmo a de desonra, humilhação.

É fácil compreender o caminho de expansão semântica que levou de uma acepção à outra. Só sente vergonha (opróbrio, dor moral provocada por uma indignidade) quem tem vergonha (pudor, decoro, dignidade), algo que também é conhecido popularmente como “vergonha na cara”. Os sem-vergonha são imunes.

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