O negócio da China veio… da China?
“Caro colunista: de onde vem a expressão ‘negócio da China’?” (Maria de Lourdes Canedo) A dúvida da leitora nos leva a uma região frequentemente pantanosa, cheia de sombras e pistas falsas: a origem de expressões populares, muitas delas – como no caso de “negócio da China”, que significa, como se sabe, negócio muito lucrativo, maravilhoso […]
“Caro colunista: de onde vem a expressão ‘negócio da China’?” (Maria de Lourdes Canedo)
A dúvida da leitora nos leva a uma região frequentemente pantanosa, cheia de sombras e pistas falsas: a origem de expressões populares, muitas delas – como no caso de “negócio da China”, que significa, como se sabe, negócio muito lucrativo, maravilhoso – tão antigas que se perdem em tempos imemoriais.
Felizmente, neste caso, a literatura nos serve de lanterna. A teoria mais difundida e provável sobre a expressão é registrada assim no livrinho de divulgação etimológica “A casa da mãe Joana”, de Reinaldo Pimenta:
A expressão se originou das viagens de Marco Polo ao Oriente, no século XIII. Com a divulgação de sua narrativa, a China ficou conhecida como uma terra de coisas mirabolantes, exóticas, atraindo a ambição de comerciantes.
Faz sentido. Se as provas cabais são impossíveis de coletar, é um fato que o relato do mercador veneziano teve, sim, impacto e permanência suficientes na Europa para criar um dos mais persistentes lugares-comuns da nossa língua. E não só dela: o inglês tem a expressão Chinese deal, uma tradução perfeita.
Mas calma: isso não quer dizer que “negócio da China” tenha alcance universal. Até onde me foi dado apurar, consta que o espanhol, o francês e o alemão não adotaram a expressão, embora esta seja uma conclusão necessariamente provisória, à espera de desmentidos bem-vindos na caixa de comentários abaixo.
Outro fator de provável relevância para a permanência do chavão em nosso idioma é a história da presença portuguesa em Macau, com seus quase cinco séculos de negócios – neste caso, literalmente – da China.
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