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Política com Ciência

Por Sérgio Praça Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
A partir do que há de mais novo na Ciência Política, este blog do professor e pesquisador da FGV-RJ analisa as principais notícias da política brasileira. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.

A quem os brasileiros atribuem os trabalhos da Lava Jato?

  O combate à corrupção no Brasil é feito por instituições bastante diferentes entre si. De acordo com Maíra Rocha Machado (FGV-SP) e Bruno Paschoal, quatro etapas compõem esse processo. A primeira, “monitoramento”, é feita de procedimentos que não têm um alvo específico e são conduzidos de modo a identificar irregularidades a serem posteriormente investigadas. […]

Por Sérgio Praça Atualizado em 4 jun 2024, 23h03 - Publicado em 5 jul 2016, 18h15

 

O combate à corrupção no Brasil é feito por instituições bastante diferentes entre si. De acordo com Maíra Rocha Machado (FGV-SP) e Bruno Paschoal, quatro etapas compõem esse processo.

A primeira, “monitoramento”, é feita de procedimentos que não têm um alvo específico e são conduzidos de modo a identificar irregularidades a serem posteriormente investigadas. As duas principais instituições responsáveis por isso são a Controladoria-Geral da União (CGU) e o Tribunal de Contas da União (TCU).

Quando há elementos para investigar um ato específico, inicia-se a segunda etapa, de “investigação”. Trata-se do procedimento de coleta e produção de provas para subsidiar um processo judicial ou administrativo de responsabilização. Ela tem início a partir de suspeitas de irregularidades identificadas em programas de monitoramento ou em denúncias formais ou informais de outras instituições ou de cidadãos. Inquéritos civis são iniciados pelo Ministério Público e inquéritos criminais podem ser iniciados tanto pela Polícia Federal quanto o Ministério Público.

Caso as comissões parlamentares de inquérito continuassem cumprindo o propósito que tinham nos anos noventa, elas estariam presentes nessas duas primeiras fases.

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Em seguida, na fase de “responsabilização”, os investigados são levados ao crivo do Judiciário e, se ainda não foi o caso, do Ministério Público. Por fim, a quarta fase trata de impor “sanções”. De acordo com Machado e Paschoal, “é um procedimento-chave raramente levado em conta pela opinião pública, que tende a observar a prisão no decorrer do processo – que não é (ou não deveria ser) sanção, mas medida cautelar para assegurar a prestação jurisdicional”. As sanções são procedimentos para garantir, por exemplo, o pagamento de multas ou o retorno do dinheiro desviado para os cofres públicos.

Intui-se que a fase menos visível do combate à corrupção é a de “monitoramento”. Há dois complicadores nesta fase. O primeiro é que ao monitorar uma política pública, eu posso verificar que ela não tem irregularidades visíveis. Ou então há irregularidades, mas passo essa informação adiante e a Polícia Federal e Ministério Público não conseguem provas suficientes para responsabilizar os agentes públicos e privados responsáveis. O segundo complicador é a possível pressão política para que a política pública X, sob controle do partido Z, não seja monitorada.

Não à toa, apenas 4% dos brasileiros acreditam que a Controladoria-Geral da União é a instituição responsável pela Operação Lava Jato, e 1% atribuem isto ao Tribunal de Contas da União. (Esses dados, exclusivos para o blog, são da pesquisa “Pulso Brasil”, realizada mensalmente pelo Instituto Ipsos com 1.200 entrevistas pessoais e domiciliares em 72 municípios de todo o Brasil.)

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As fases de “investigação” e “responsabilização”, comandados pelo Ministério Público Federal e a Polícia Federal, são muito mais visíveis. 24% dos respondentes afirmam que a Polícia Federal é a instituição responsável pela Lava Jato, seguidos por 17% que atribuem isto ao Judiciário e 13% que responsabilizam os procuradores federais pela operação.

Quando perguntados se a instituição X é muito importante para a Operação Lava Jato, as respostas seguem a mesma toada, embora com mais desvantagem para a CGU: 62% dizem isso da Polícia Federal, 58% do Ministério Público Federal, 51% do Judiciário, 43% do Tribunal de Contas da União e apenas 38% da Controladoria-Geral da União.

A mesma pesquisa mostra que o apoio à Lava Jato tem crescido. 92% acham que investigações da LJ devem continuar até o fim, custe o que custar – mesmo que isso traga mais instabilidade econômica, de acordo com 85% dos respondentes (eram 79% em janeiro). Péssima notícia para quem achava possível melar a operação.

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Mas os dados são preocupantes também se considerarmos que, sem p monitoramento constante da CGU e do TCU, fica mais difícil encontrar desmandos. Valorizar – sempre com olhar crítico, claro – o trabalho dessas organizações é fundamental para que o Brasil siga o caminho de combate eficaz à corrupção.

(Entre em contato pelo meu site pessoal, Facebook e Twitter)

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