A facada em Bolsonaro muda pouco as eleições
Dificilmente a rejeição a Bolsonaro diminuirá após o atentado
É fácil superestimar o impacto da facada em Jair Bolsonaro (PSL). Antes que me esqueça, BK: acontecimento trágico, inédito, histórico, lamentável etc etc. Vamos ao que interessa: quais serão as implicações plausíveis do atentado para as eleições presidenciais? Pouco relevantes, acredito.
Não é óbvio mudar de voto por causa do atentado. Faltam menos de 30 dias para o primeiro turno. Geraldo Alckmin (PSDB) está dois ou três pontos atrás de Ciro Gomes (PDT) e Marina Silva (Rede), ambos com cerca de 14% das intenções de voto. Bolsonaro tem por volta de 22% e deverá ter leve aumento nos próximos dias, mas é bastante provável que não dure muito. Quem, além de seus apoiadores, terá dó de um candidato tão associado ao machismo, homofobia e intervenção militar na política? Muito difícil crer que a facada mudará o cenário eleitoral. Mas…
Alckmin e Haddad perdem (um pouco). O candidato tucano estava se esforçando para mostrar os defeitos de Bolsonaro no horário eleitoral. É provável que suas críticas sejam atenuadas por alguns (preciosos) dias. E com isso Alckmin talvez não aproveite tanto a vantagem no horário eleitoral. Mas é impossível saber o real impacto disso. De modo secundário, Fernando Haddad (PT) perderá espaço na mídia, mas acho que isso importa menos do que o apoio de dissidentes dos partidos do Centrão, como Ciro Nogueira (PP).
General Mourão, um péssimo substituto. A campanha de rua passará a ser feita por General Mourão, candidato a vice na chapa de Bolsonaro. É um péssimo substituto. Retórica ruim, carisma zero, mais radical e militarista do que Bolsonaro. Não atrai novos apoiadores. Caso algum simpatizante da chapa agrida um político de esquerda, Mourão será um dos principais responsabilizados.
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