Violência: por que a solução não virá do governador do Rio
Claudio Castro fez algumas propostas. Curiosamente, esqueceu a mais importante.

Claudio Castro fez propostas para combater o crime organizado.
Quer aumentar a progressão de pena de criminosos perigosos. Mas ninguém comete crime porque vai sair cedo da cadeia, comete porque tem certeza de que não vai para a cadeia. Especialmente miliciano, que ou é da polícia ou tem amigos na polícia.
Está provado que presos conseguem cometer crimes mesmo de dentro da prisão. Aliás, o Secretário de Administração Penitenciária de Castro, Raphael Montenegro, foi preso (!) em 2021 justamente por negociar com o crime organizado facilidades para conduzir suas atividades criminosas.
Castro quer dar tarifa social em certos serviços nas áreas controladas por milícias e traficantes. Só que já existe em vários casos, e não funciona. A Light tem tarifa social e mesmo assim, metade da energia que fornece é roubada.
Castro quer que o governo federal combata a lavagem de dinheiro do crime organizado. Essa é mesmo importante, mas é o óbvio do óbvio. (Flavio Dino disse a Miriam Leitão que vai fazer, é surreal que ainda não o faça.)
Mas Castro não fez a proposta mais importante: a reforma das polícias, altamente corruptas e lotadas de milicianos. Aliás, seu secretário de Polícia Civil, delegado Allan Turnowski, foi preso (!) no ano passado por envolvimento com o crime organizado.
A polícia de Castro é que mais mata no país. Ela prefere conduzir suas operações letais nos redutos de traficantes, não em regiões controladas por milícias. Mas Castro a elogia e lhe dá rédea solta. Nem a obrigatória câmara no uniforme obriga a usar.
Castro demitiu o delegado responsável pela investigação do caso Marielle Franco, assassinada pela milícia, quando estava obtendo progressos. Pouco depois, as promotoras responsáveis deixaram o caso denunciando excesso de interferência externa.
Castro nomeou o atual Secretário da Polícia Civil por pressão de deputados ligados a milicianos.
Castro é alvo de pelo menos três investigações criminais.
A solução não virá de Castro. Castro é parte do problema.
(Por Ricardo Rangel, em 26/10/2023)