Quem quer demitir o ministro Milton Ribeiro e por quê
Jair Bolsonaro, no entanto, não parece disposto a dispensar seu auxiliar

Os líderes evangélicos Silas Malafaia, Sóstenes Cavalcante, Marco Feliciano e outros estão revoltados com o que está acontecendo no Ministério da Educação.
É natural que alguém fique indignado ao enxergar favorecimento, aparelhamento, prevaricação, patrimonialismo, desvio de recursos, tráfico de influência, corrupção. Curiosamente, no entanto, uma das principais queixas dos bravos e piedosos pastores é de que Gilmar Santos e Arilton Moura são lobistas pouco representativos, não são ligados aos mandachuvas. Pelo jeito, Bolsonaro cumpriu a promessa de levar a nação para onde os líderes evangélicos quisessem, mas entregou o leme aos líderes errados.
Os integrantes do Centrão também estãoinsatisfeitos com o ministro Milton Ribeiro, a quem querem derrubar. Evidentemente, não é para sanear o ministério, mas para entregá-lo a alguém que mantenha o esquema de favorecimento, mas favoreça os favorecidos certos.
Quem, por outro lado, parece feliz com Ribeiro é o senador Flavio Bolsonaro, que quer garantir estabilidade ao ministro até 2026. Zero Três confia tanto na honestidade de Ribeiro quanto na reeleição do pai.
Outro que não vê motivo para trocar o ministro é o vice-presidente, Hamilton Mourão, que acha que indícios não são suficientes para demitir alguém. Diferentemente do que César achava sobre a própria mulher, Mourão acredita que ministro não precisa parecer honesto.
Por fim, Jair Bolsonaro não parece disposto a dispensar seu auxiliar. Não apenas porque odeia ser contrariado, mas também porque acha que a revelação de que o ministro permite o desvio de dinheiro público para evangélicos vai lhe render votos. Em seu delírio, supõe que a maioria dos evangélicos, pessoas perfeitamente honestas, acredita que roubar dinheiro público é algo positivo e merece ser recompensado com votos. E que apresentar pastores evangélicos no papel de larápios é algo pelo qual evangélicos em geral devem ser gratos.