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Por que Jacaré incriminou o amigo Jair

O padrão é conhecido: para se defender de uma má notícia, Bolsonaro se antecipa, revela-a ele mesmo e inunda as redes com desmentidos

Por Ricardo Rangel Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 24 jan 2022, 19h16

Waldir Ferraz, vulgo Jacaré, amigo de fé de Bolsonaro, deu entrevista à VEJA declarando que, sim, houve rachadinha (o nome técnico do crime é peculato) —  e não apenas nos gabinetes de Flávio e Carlos Bolsonaro, mas também no do então deputado federal Jair Bolsonaro.

Segundo Jacaré, Bolsonaro e os filhos de nada sabiam, foram traídos, são anjos de inocência . A culpa é toda de Ana Cristina Valle, segunda mulher do capitão (acreditar nisso equivale a acreditar que Jair, Flávio e Carlos são completos idiotas).

Apenas horas depois da publicação da reportagem, Ferraz veio a público desmenti-la. O desmentido não para em pé, já que as declarações de Ferraz estão gravadas, e a pergunta permanece: por que Jacaré faria uma crocodilagem dessas com o amigo? Maluquice? Vontade de aparecer? É improvável.

É difícil acreditar que um amigo do peito de Bolsonaro fosse à imprensa (vista como inimiga pelo bolsonarismo) para incriminá-lo. Além disso, em vez de destruir Jacaré nas redes, como se costuma fazer com os “traíras”, ninguém no clã Bolsonaro disse uma só palavra contra ele.

A entrevista parece uma manobra deliberada. Quando há uma má notícia para sair, o comportamento padrão de Bolsonaro é se antecipar e revelar o fato ele mesmo e imediatamente apresentar o desmentido — que é multiplicado pelas redes em volume exponencialmente maior do que a notícia em si. Assim, Bolsonaro controla o impacto e o desgaste, e virtualmente impede seus seguidores de ter acesso à denúncia ou levá-la a sério.

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Além disso, estamos em ano eleitoral: se é para enfrentar uma denúncia grave, melhor que seja agora, quando ainda dá tempo de se recuperar, do que daqui a uns meses, quando a campanha estará pegando fogo.

A se repetir o histórico, é de se esperar que, em breve, surja a notícia de que Jair Bolsonaro praticou peculato quando era deputado. Se e quando isso acontecer, o bolsonarismo acusará a “extrema imprensa” de estar requentando uma notícia velha que já foi desmentida.

(Não que Ana Cristina seja uma santa, claro: segundo o podcast A Vida Secreta de Jair, do UOL, foi de fato ela quem montou o esquema das rachadinhas — em cumplicidade com os Bolsonaro, naturalmente —, e nada menos 17 de seus parentes constam das investigações contra Zero Um e Zero Dois. Ana Cristina é mãe de Jair Renan, o Zero Quatro, que tem apenas 23 anos, mas também está sendo investigado, por suspeita de tráfico de influência e lavagem de dinheiro, pela Polícia Federal. É tutti buona gente.)

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