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Pochmann é o primeiro sapo para Simone: haverá outros

O nome para o atropelamento da ministra do Planejamento não é erro de comunicação. É fritura.

Por Ricardo Rangel Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 13 Maio 2024, 23h58 - Publicado em 28 jul 2023, 20h25

O atropelamento de Simone Tebet foi vendido, dentro e fora do governo, como mero “erro de comunicação” e minimizado com o argumento de que “é prerrogativa do presidente nomear quem quiser”.

A tese é risível.

Paulo Pimenta anunciou o nome de Pochmann na porta do Palácio da Alvorada imediatamente após uma reunião com Lula. O presidente determina ao ministro da Comunicação que anuncie a nomeação… e ninguém se lembra de combinar com Simone, que tinha acabado de dar uma entrevista negando que ela fosse ocorrer? Gente tarimbada não comete erros primários assim. E, depois do “erro”, Lula não move um dedo para demonstrar que a ministra está prestigiada?

Quanto a ser prerrogativa do presidente etc., isso é chover no molhado. Só que ninguém nomeia ninguém à revelia do futuro chefe, é algo espetacularmente desrespeitoso. Especialmente por veleidade pessoal. Especialmente se for um nome inaceitável para a ministra, como era o de Pochmann.

O nome costumeiro para o que aconteceu é “fritura”.

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A posição de Simone dentro do governo é, desde sempre, complicada. Lula não lhe deu prioridade quando da nomeação do ministério, deixou-a para o fim, e não lhe deu opções de cargo.

E o Planejamento sempre foi uma posição arriscada: sendo ministério da área econômica, obriga Simone a estar sempre de acordo com as decisões econômicas de um partido cuja visão é diferente da dela (como, por exemplo, Pochmann no IBGE). Pior: se a política de Haddad der errado, ela afunda junto; se der certo, ele é o herói e ela é a coadjuvante. Como se diz no mercado financeiro, não tem “upside”.

Como candidata óbvia em 2026, Lula e o PT sempre a verão com desconfiança, uma espécie de raposa no galinheiro. Além disso, Lula precisa arrumar ministérios para alojar o Centrão no governo. Se Simone absorvesse a fritura, como absorveu, se tornaria uma figura menor; se enfurecesse e saísse, o desgaste seria compensado pelos ganhos. Não tem “downside”.

O problema em se engolirem sapos é que eles não desaparecem depois de engolidos. Eles se multiplicam. Continuam vindo, em tamanho cada vez maior. Até que aparece um tão grande que engole o ocupante do cargo.

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Vem à mente o episódio Sergio Moro com Ilona Szabó. O então ministro havia nomeado Ilona para suplente em um conselho consultivo, ou seja, um cargo secundário em um órgão sem poder nenhum. Moro acreditou que não tinha importância recuar em algo tão pequeno e atendeu à determinação de Bolsonaro de voltar atrás na nomeação. Daí pra frente foi ladeira abaixo, um sapo atrás do outro, até a queda 16 meses depois.

Diga-se em favor de Simone que Moro era, e continua sendo, um amador (particularmente incompetente), enquanto que a ministra é uma política tarimbada, com décadas de experiência — adquirida até dentro de casa.

Simone preferiu absorver o desgaste desta vez, quando menos para decidir o que fazer quando o próximo sapo chegar.

Porque ele vai chegar.

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