Os maus tratos a Dilma são mais importantes do que parecem
Os comentários de Lula sobre a sucessora podem ser uma aceno ao centro

Dilma Rousseff sofre na mão do PT.
O partido fez uma pajelança em torno de Lula e Alckmin em uma churrascaria e convidaram todos os condestáveis do PT, uma porção de lideranças de outros partidos — inclusive “golpistas” como Omar Aziz e Arthur Virgílio — e da sociedade em geral. Dilma ficou sabendo pelos jornais.
O vice-presidente do PT Washington Quaquá afirmou que Dilma “não tem relevância eleitoral”. Diante da chiadeira, Quaquá… reiterou seu comentário.
Em entrevista na última quarta, Lula explicou que “a única coisa” em que Dilma “erra” é na política — como se para um político, a política não fosse tudo e mais um pouco. Foi além e descartou a presença de Dilma em seu governo: “o tempo passou” e “tem muita gente nova no pedaço”.
Os maus tratos que Dilma recebe dos correligionários são cruéis, mas não têm maior importância política em si. A ex-presidente é, mesmo, politicamente incompetente e eleitoralmente irrelevante. Mas o comentário do ex-presidente vai mais longe.
O que Lula disse dá margem a entender que ficarão fora de um eventual governo seu não apenas a pessoa física de Dilma, mas a gente “velha” do PT em geral — Guido Mantega, Aluizio Mercadante, Nelson Barbosa, por exemplo — e a hoje caquética e falida Nova Matriz Econômica.
A sutil sinalização de que não pretende repetir a política econômica de Dilma é, até agora, o maior aceno de Lula ao centro.