Último mês: Veja por apenas 4,00/mês
Imagem Blog

Ricardo Rangel

Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Continua após publicidade

Por que a denúncia contra Silvio Almeida é (ainda) maior do que parece

O curioso caso do ministro de Lula que é acusado não se sabe bem por quem de ter cometido não se sabe bem o quê

Por Ricardo Rangel Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 6 set 2024, 15h45 - Publicado em 6 set 2024, 14h45

O ministro Silvio Almeida, dos Direitos Humanos, está sendo brutalmente cancelado por ter cometido, supostamente, os crimes de assédio moral e assédio sexual.

O Brasil é uma democracia liberal, aquele regime em que todos são iguais politicamente, todos são inocentes até prova em contrário, todos têm direito a defesa e a um julgamento justo. Isso é o que diz a lei.

A lei é irrelevante para o identitarismo militante, que entende que o integrante do grupo dominante é sempre culpado diante do integrante do grupo minoritário. Se um homem (ou branco, ou heterossexual, ou rico) é acusado de um crime contra uma mulher (ou negro, ou LGBTQIA+, ou pobre), a acusação é verdadeira por definição. Logo, Silvio Almeida deve ser cancelado e destruído.

Mesmo assim, o caso do ministro Silvio Almeida estabelece um novo patamar na cultura do cancelamento: agora não é preciso haver sequer acusador. Não se sabe bem o que o ministro fez, nem quem o acusa, nem quem foi (ou foram) a(s) vítimas, nem se houve testemunha. (Se você pensou em O Processo, de Franz Kafka, não pensou errado.)

Continua após a publicidade

Afirma-se que uma das vítimas seria a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, e o fato de Janja ter publicado uma foto sua com a ministra parece ratificar a hipótese. Mas a suposta vítima, não se sabe por que, não confirma nem desmente (tem medo de quê?). De modo que fica a palavra do ministro contra a palavra de não se sabe quem.

É perfeitamente possível que o ministro seja culpado. Mas também é perfeitamente possível que se trate de calúnia. O ministério é um lugar onde há muito ciúme e muita disputa por espaço e poder, e a cultura do cancelamento estimula a calúnia. Quando a acusação é de assédio, a calúnia quase sempre dá certo: a destruição da reputação da vítima é garantida e a impunidade é certa (é virtualmente impossível provar que a acusação seja mentirosa).

Ninguém sabe qual é a verdade, e talvez nunca venhamos a saber. Mas duas coisas nós sabemos:

Continua após a publicidade

1) o dano para o ministro Silvio Almeida está feito.

2) não é possível manter uma sociedade justa e democrática enquanto a cultura do cancelamento persistir.

Um aspecto curioso e meio transversal: Silvio Almeida e Anielle Franco são negros, pertencentes ao mesmo grupo minoritário. A “interseccionalidade”, conceito caro ao identitarismo, sustenta que os vários tipos de opressão (racismo, machismo, homofobia etc.) não agem independentemente uns dos outros, mas se inter-relacionam, criando um sistema de opressão cruzada. Por esse motivo, todos os grupos oprimidos devem se alinhar e apoiar uns aos outros (daí expressões como “ninguém solta a mão de ninguém”). O episódio demonstra que, quando há interesses pessoais em jogo, não há interseccionalidade que resista.

Continua após a publicidade

(Por Ricardo Rangel em 06/09/2024)

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Veja e Vote.

A síntese sempre atualizada de tudo que acontece nas Eleições 2024.

OFERTA
VEJA E VOTE

Digital Veja e Vote
Digital Veja e Vote

Acesso ilimitado aos sites, apps, edições digitais e acervos de todas as marcas Abril

1 Mês por 4,00

Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (equivalente a 12,50 por revista)

a partir de 49,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$118,80, equivalente a 9,90/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.