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Ricardo Rangel

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O que significa a derrota de Pablo Marçal

Por que é um erro achar que o candidato do PRTB está definitivamente derrotado

Por Ricardo Rangel Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 7 out 2024, 10h28

“Não vai ter segundo turno!”, proclamava Pablo Marçal, prometendo vencer já no primeiro.

Marçal acertou: não haverá segundo turno — pelo menos para ele mesmo.

Felizmente.

Marçal representa a antipolítica: incapaz de fazer uma única proposta, seu método é valer-se de agressões e calúnias para inviabilizar qualquer debate e tornar a si mesmo o centro permanente das atenções. O método, desastroso para a República, mostrou-se extremamente eficaz.

A conduta de Marçal deu margem a que muita gente defendesse a cassação de sua candidatura. Seria uma medida controversa: i) a legislação é ruim, a cassação não seria óbvia; ii) seria pouco democrático tirar da disputa alguém tão popular; e iii) a cassação fortaleceria a tese — já nem tão estapafúrdia, dados os recorrentes excessos do Supremo contra influenciadores de direita — da “ditadura do Judiciário”, tão cara ao bolsonarismo.

A derrota de Marçal é excelente notícia por pelo menos quatro motivos:

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1) Se chegasse ao segundo turno, mesmo em caso de derrota, Marçal se tornaria um candidato forte à presidência em 2026 — uma perspectiva aterradora para o país.

2) A derrota, aliada à publicação do laudo flagrantemente falso contra Guilherme Boulos, abre caminho para que Marçal possa ser cassado, ficando fora da política por pelo menos oito anos.

3) A derrota (e eventual cassação) desestimula o surgimento de novos marçais.

4) É mais fácil investigar Marçal no âmbito da Justiça comum: há quem enxergue estelionato, enriquecimento ilícito, envolvimento com o tráfico de drogas, lavagem de dinheiro etc. etc.

Mas é bom ter cautela: ainda que a derrota seja excelente notícia, será erro grave acreditar que Marçal — ou melhor, aquilo que ele representa — é um problema superado. Não é.

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Marçal não é a causa de nossos problemas. Ele é a consequência.

Marçal — como, antes dele, Jair Bolsonaro — não veio do nada. Ele é resultado da frustração e do desencanto de uma enorme parcela do eleitorado, que, cansada de um sistema que não lhe dá respostas básica, vê políticos como parasitas indiferentes a seu sofrimento.

O (res)sentimento que transformou Pablo Marçal — que ficou menos de 1% atrás de Boulos — em fenômeno continua vivo.

É bom nossos políticos acordarem e começarem a dar respostas ao eleitorado.

Porque o Marçal 2.0, seja ele quem for, já está no forno.

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(Por Ricardo Rangel em 07/10/2024)

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