O esperado, o inesperado e o ignorado na sabatina de Gonet e Dino
Foi bom matar as saudades da civilidade e das boas maneiras. Ficou faltando apenas a resposta à pergunta mais importante.
As provocações do bolsonaristas eram esperadas. A tranquilidade de Paulo Gonet e Flávio Dino diante das provocações era esperada. E a aprovação de Dino e Gonet no Senado era esperada.
Inesperada foi a alegre confraternização, com direito a abraço e sorrisos, entre Dino e Sergio Moro.
A partir daí, claro, a explosão de indignação e fúria da bolsosfera com Moro também passou a ser esperada.
O bolsonarismo-raiz não acredita em adversários, somente em inimigos mortais. Não acredita em civilidade nem em discordância bem educada, somente em agressões e xingamentos. Grande parte do petismo-raiz pensa da mesma maneira.
A guerra santa nossa de cada dia faz mal à saúde de agressores e agredidos e prejudica muito o país. Ela só é boa para os agentes políticos polarizados à esquerda e à direita que auferem ganhos eleitorais com a guerra. E para os influenciadores extremistas, que ganham dinheiro.
A convivência no Congresso — e, naturalmente, o risco de cassação — está levando Sergio Moro, aparentemente, a aprender que o maniqueísmo é mau conselheiro. O Congresso, com todas as suas muitas e graves falhas, é um nivelador de ânimos.
Civilidade, compostura, suavidade e respeito à institucionalidade, bens que andam escassos, são valiosos e necessários para que o país vá para a frente.
Parabéns ao novo PGR, Paulo Gonet. Duplos parabéns a Flavio Dino, por ser o novo ministro do STF e por portar-se de maneira civilizada, algo tão raro nos dias de hoje. E parabéns muito especiais a Sergio Moro pela elogiável e inesperada atitude.
De resto, sobra a perguntinha que não quer calar: quem, no governo federal, fica encarregado da segurança?
(Por Ricardo Rangel em 13/12/2023)