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Liberais… mas só até a página 2

Lula e Bolsonaro compartilham o mesmo defeito

Por Ricardo Rangel Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 14 abr 2022, 06h00

Lula tem dado recorrentes declarações de que pretende revogar o teto de gastos e a reforma trabalhista, interferir na Petrobras y otras cositas más. Liberais, que costumam acompanhar o cenário econômico e se lembram do que aconteceu no Brasil há poucos anos, ficam de cabelo em pé.

Praticando a infame “nova matriz econômica” criada por Lula, Dilma interferiu na economia como nunca se viu, criou uma devastação fiscal que derrubou o PIB em 9% e elevou aos píncaros o desemprego, a inflação e a taxa de juros. Uma catástrofe.

Bolsonaro, por outro lado, manteve o teto de gastos e a reforma trabalhista, fez a reforma da Previdência, o novo marco legal do saneamento, deu autonomia ao Banco Central, aprovou a privatização da Eletrobras e está falando até em privatizar a Petrobras. Portanto, pensam alguns que se consideram liberais, reeditar Bolsonaro deve ser melhor do que reeditar Lula.

Mas Bolsonaro está longe de ser economicamente bom. O governo não corta custos, o teto foi informalmente quebrado, a reforma da Previdência se deve a Rodrigo Maia. A pandemia praticamente acabou, mas o país não cresce e o desemprego não cai. A inflação, que já é similar à máxima de Dilma, “surpreendeu” o presidente do Banco Central e a taxa de juros pode bater a de 2016.

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“A liberdade econômica é apenas uma das muitas liberdades defendidas pelo liberalismo — e nem sequer é a mais importante”

O modelo de privatização da Eletrobras é tão ruim que melhor seria abandoná-lo e começar do zero. Na Petrobras, a tentativa de interferência é constante, e já se falou não só em controle de preço, mas em manipulação de verba de publicidade, e, recentemente, houve suspeita de que a empresa seria entregue a interesses privados. Bolsonaro cogitou privatizar a companhia porque não consegue interferir no preço, o que sugere mera tentativa de sinalizar para o eleitorado que a alta do petróleo está fora de seu controle. Em estatais dóceis, como Banco do Brasil e CEF, Bolsonaro interfere sem freios. O Centrão controla o orçamento secreto e usa o dinheiro público de maneira descontrolada, escusa e espúria — os escândalos de corrupção pululam por toda parte. E muito mais.

Mas o que mais impressiona nesses “liberais” não é que não vejam defeitos na política econômica de Bolsonaro. É que só prestem atenção na economia. Afinal, a liberdade econômica é apenas uma das muitas liberdades defendidas pelo liberalismo — e nem sequer é a mais importante. “Liberais” que só se preocupam com economia são liberais de araque.

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O capitão vem desmontando saúde, educação, ciência, cultura, defesa do meio ambiente, direitos humanos e minorias e interferindo em várias instituições de Estado, como PGR, Forças Armadas, Polícia Federal. A história recente mostra que autocratas populistas como Bolsonaro, quando chegam ao segundo mandato, quebram a espinha dorsal da democracia liberal (vale para Chávez na Venezuela, vale para Orbán na Hungria). Liberais de verdade têm obrigação de estar preocupados com isso.

Lula e Bolsonaro são populistas que contrariam valores liberais: se a terceira via não decolar, liberais terão uma escolha desagradável a fazer. Mas uma coisa é certa: os “liberais” que só levarem em conta a questão econômica em sua escolha não são liberais coisa nenhuma.

Publicado em VEJA de 20 de abril de 2022, edição nº 2785

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